“O judiciário é o espaço no qual a gente não vota, não escolhemos as pessoas diretamente que estarão ali”. Esta foi uma das inquietações que mobilizou a curadora Nina Vieira a mobilizar a campanha “Juízas Negras para Ontem”.
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A ação, iniciada na semana passada, articulou 24 artistas para a produção de cartazes que trouxessem uma mensagem bem direta: mulheres negras no Supremo Tribunal Federal (STF).
Nina Vieira é diretora de arte e integra o Manifesto Crespo, coletivo que dialoga sobre identidades, gênero e práticas antirracistas.
“A gente tem a imagem do STF como uma bancada de pessoas brancas e isso acontece historicamente. Tem alguns ministros especificamente no imaginário, quando a gente fala em STF, que já vem a cabeça algumas e a única pessoa negra com mais expressividade que tivemos foi recentemente Joaquim Barbosa. Então, existe essa lacuna de mulheres negra em vários espaços de poder, o STF é um deles”, destaca Vieira.
A ação veio neste momento por conta da aposentadoria da ministra da suprema corte Rosa Weber, que deixará o cargo ainda no mês de outubro. Pela constituição brasileira, o presidente da república em exercício deve indicar um nome para a vaga.
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Após a escolha do chefe do executivo, a pessoa passa por uma sabatina no Senado Federal. Até hoje, todos os nomes indicado pelo presidente foram aceitos pelos parlamentares.
Vieira destaca que apesar da população não ter o direito de voto para todas as instâncias do judiciário “a gente quer ser ouvido e a gente precisa ser representado, em quem está ali ocupando esse espaço que é tão importante.”
A curadora lembra que a campanha não acaba após a indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Sendo uma mulher negra ou não, o movimento segue porque é preciso mudar todos o sistema judiciário brasileiro”
De acordo com Diagnóstico Étnico-Racial do Poder Judiciário, elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), identificam-se como pessoas pretas apenas 1,7% dos magistrados e magistradas.
Pessoas brancas seguem ainda representando a grande maioria (83,8%) magistrados da Justiça brasileira.
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Edição: Lucas Weber