EDUCAÇÃO NO RS

Escola de Porto Alegre está há duas semanas sem luz; comunidade cobra ações do governo Leite

Cerca de 800 estudantes foram transferidos para outras duas escolas estaduais da cidade

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Protesto iniciou em frente à escola e foi até a sede da 1ª Coordenadoria de Educação, onde comissão encontrou representantes do governo do estado - Foto: Divulgação

Um protesto de estudantes, mães, pais e professores em frente à Escola Estadual de Educação Básica (E.E.E.B) Presidente Roosevelt na manhã desta segunda-feira (18), no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, clamou por soluções urgentes para a falta de energia elétrica que se estende há mais de duas semanas na unidade de ensino. A situação tem provocado dificuldades para a realização das aulas presenciais.

Segundo os manifestantes, a decisão tomada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) na última sexta-feira (15), de transferir os cerca de 800 alunos para o Colégio Estadual Júlio de Castilhos e a Escola Estadual de Ensino Fundamental Cândido Portinari, trouxe ainda mais transtornos. Isso ocorre porque muitos estudantes encontram dificuldades de deslocamento e de passagem escolar – visto que esses custos não estão sendo subsidiados pela Seduc ao longo desse período.

:: Brasil investe menos em educação que países da OCDE ::

O protesto organizado pela comunidade escolar se concentrou em frente à instituição de ensino no início da manhã e posteriormente se dirigiu até a sede da 1ª Coordenadoria de Educação, na R. Cel. André Belo. Com faixas e cartazes, os estudantes e docentes manifestaram a indignação com relação à falta de uma solução emergencial que não obrigasse o deslocamento de alunos.  

Comissão pede medidas emergenciais

Uma comissão formada por representantes da comunidade se reuniu com a titular da 1º CRE, Márcia da Silva Garcia, e outros representantes do governo. De acordo com a diretora-geral do 39º Núcleo do Cpers Sindicato, Neiva Lazzarotto, que esteve apoiando a manifestação, foi cobrado que o estado tenha à disposição transformadores emergenciais para serem instalados enquanto o processo licitatório estiver em andamento.

"Para situações emergenciais, é preciso ter soluções emergenciais. Nos informaram que é 'impossível' porque as escolas têm diferentes demandas. O único transformador de emergência está sendo utilizado em uma escola de Uruguaiana. Vamos continuar pressionando para garantir a normalidade das aulas", avalia.

:: Alunos e professores da rede estadual denunciam infraestrutura precária e falta de docentes ::

Ainda conforme Neiva, a medida, além de trazer uma série de dificuldades no dia-a-dia das famílias e estudantes, também aumenta o trabalho dos professores, que precisam simultaneamente lidar com a postagem de conteúdos online e com as aulas presenciais dadas aos alunos que não têm condições de se deslocar para as sedes temporárias. 

"É uma grande preocupação de que essa solução encontrada pelo Estado sobrecarregue os professores. São dois tipos de trabalho. Nesse contexto, é inadmissível que não se tenha soluções de emergência para esses casos de falta de luz nas escolas. Por isso, a comunidade está de parabéns em se mobilizar", complementa a diretora sindical.  

"Nossa escola está sendo sucateada", lamenta mãe de aluno

A manifestação contou com a adesão de famílias de estudantes que consideram a Presidente Roosevelt como uma extensão da sua própria casa – e, assim, desejam lutar para preservá-la. Uma dessas pessoas é Marina Soares Belmonte, que esteve presente na comissão de negociação para denunciar o processo de sucateamento que a instituição de ensino vem sofrendo ao longo dos últimos anos.

"A escola está sendo sucateada. Agora queimou o transformador e já faz duas semanas que estamos sem luz e cada um de nossos filhos vai para uma escola. Nós já temos uma rota e ainda tem que pagar passagem a mais", desabafa.

Uma avó de aluna, conhecida como Dona Catarina, também esteve na manifestação para cobrar do estado o encaminhamento urgente de uma solução. Ela relata que se sente insegura com relação ao itinerário que sua filha de 12 anos tem que cumprir para ir à outra escola.   

"Não tenho condições de sair de casa às seis da manhã e levar ela até lá e depois buscá-la. O governo tem que tomar providência, tem dinheiro para tanta coisa. Ela é uma criança de 12 anos e não pode andar por aí. São doze quilômetros de distância. Eles têm que resolver isso aqui", cobra.  

Com quatro filhos estudando na Presidente Roosevelt, a mãe Valessa Oliveira demonstrou preocupação com relação ao futuro da escola.

"Isso me preocupa demais, eu moro na frente da escola e pago aluguel relativamente alto por conta da localização, mas valia a pena por causa da escola. Estou muito triste. Os pais precisam se unir", destaca.

O que diz a Seduc

Questionado pela redação do Brasil de fato RS sobre a situação da escola, a Seduc afirma que "trata a situação como prioridade e a previsão é de que a energia elétrica esteja reestabelecida até segunda-feira (25)". Até lá, as aulas seguirão sendo oferadas nas escolas Cândido Portinari, Júlio de Castilhos e no modo remoto.

Confia a nota:

Sobre a Escola Presidente Roosevelt, de Porto Alegre, a Secretaria Estadual da Educação informa que devido aos temporais da última semana, o transformador de 225kva apresentou falha ocasionando falta de energia na instituição.

A instituição de ensino possui recursos do Programa Agiliza e saldo em conta, o que possibilita que a obra seja feita por autonomia financeira, dando agilidade ao trâmite.  

A equipe técnica da Seduc e da 1ª Coordenadoria regional de obras públicas irão vistoriar a instituição de ensino  para coletar os elementos técnicos e definir o modo de contratação do serviço na tarde desta segunda-feira (18).

A Seduc reitera que trata a situação como prioridade é a previsão é de que a energia elétrica esteja reestabelecida até segunda -feira (25).

Durante a reforma, as aulas serão ofertadas nas escolas Cândido Portinari, Júlio de Castilhos e no modo remoto, pelo Google sala de aula ou material impresso.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira