Jornalista preso

Lula defende na ONU que Assange não deve ser punido por 'informações transparentes e legítimas'

Presidente brasileiro defendeu que criador do Wikileaks apenas 'informou a sociedade'

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Lula na ONU - Ricardo Stuckert

Durante seu discurso na abertura da 78ª Assembleia das Nações Unidas, em Nova Iorque, Estados Unidos, nesta terça-feira (19/09), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reiterou seu apoio ao jornalista australiano Julian Assange, afirmando que ele "não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima". 

Lula defendeu o criador do Wikileaks, que luta contra a extradição para os EUA e uma pena de 175 anos de prisão por tornar públicos os documentos do Pentágono sobre ações do exército norte-americano contra civis nas guerras do Iraque e Afeganistão, ao advogar a favor da liberdade de imprensa. 

"É fundamental preservar a liberdade de imprensa. Um jornalista, como Julian Assange, não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima", declarou o brasileiro. 

O mandatário ainda reconheceu a existência de uma "luta contra a desinformação e os crimes cibernéticos". 

Demais manifestações de apoio

Com a menção a Assange em seu discurso na ONU, Lula aplica o mesmo de tom de defesa ao jornalista australiano em outras ocasiões. 

O pai de Assange, John Shipton, que recentemente passou pelo Brasil para divulgar um documentário de campanha contra a extradição do jornalista, já declarou que a contribuição de Lula à causa não pode ser subestimada. 

"Você não pode subestimar a importância da contribuição do presidente Lula a Julian", declarou Shipton, a Opera Mundi, na ocasião. 

"Em Londres, algumas semanas atrás, em uma conferência de imprensa, o presidente Lula levantou a questão de Julian Assange e questionou por que a imprensa tem sido relutante ao perseguir o caso de Julian", afirmou Shipton durante uma coletiva de imprensa no Petra Belas Artes, em São Paulo. 

Na ocasião, o mandatário brasileiro falou sobre a "vergonha" de Assange ainda estar preso "condenado a morrer na cadeia", criticando a imprensa e sua falta de ações para a liberdade do jornalista. 

O presidente disse acreditar na necessidade de "um movimento da imprensa mundial" ao seu favor.  

Lula também falou sobre paz, mudanças climáticas, combate às desigualdades e fome, além de fazer críticas ao neoliberalismo, às falhas do Banco Central e do FMI e ao bloqueio contra Cuba. O presidente também mencionou em seu discurso a guerra na Ucrânia, conflitos na África e tentativas de golpe na Guatemala.

78ª Assembleia da ONU

O discurso do presidente Lula na abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, ganhou proporções históricas ao abordar praticamente todos os principais desafios da humanidade na atualidade e por imprimir uma visão do Sul Global diante desses temas. 

Este foi o seu retorno ao Parlamento mundial após 14 anos. Em suas primeiras palavras, Lula recordou não aquele último discurso, e sim o primeiro. “Há 20 anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez, e disse, naquele 23 de setembro de 2003, ‘que minhas primeiras palavras diante deste Parlamento Mundial sejam de confiança na capacidade humana de vencer desafios e evoluir para formas superiores de convivência’. Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade”. 

O mandatário brasileiro disse que seu retorno a Nova York é “um triunfo da democracia” no Brasil, e que o país “está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais”.