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SP: Trabalhadores do Metrô e da CPTM aprovam greve contra privatização para o dia 3 de outubro

Funcionários da Sabesp vão votar adesão ao movimento; Nunes e Tarcísio trabalham para facilitar venda da empresa

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Camila Lisboa apontou que a greve tende a potencializar o processo de arrecadação de votos no plebiscito popular, que terá seu prazo final adiado para o dia 5 de novembro - Marcelo Cruz / Brasil de Fato

Os trabalhadores do Metrô de São Paulo aprovaram em assembleia na noite desta quarta-feira (20) que vão aderir à greve chamada para o dia 3 de outubro. A paralisação, que tem por objetivo demonstrar que as categorias são contrárias ao projeto de privatização das empresas públicas do estado de São Paulo, foi inicialmente aprovada na assembleia dos trabalhadores da CPTM. Nos próximos dias os trabalhadores da Sabesp votarão sobre a adesão ao movimento.

A notícia foi dada por Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários, durante a realização da audiência pública em apoio ao plebiscito popular sobre as privatizações das linhas públicas do Metrô, da CPTM e da Sabesp, realizada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) nesta quarta-feira. 

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"Os metroviários acabaram de aprovar greve no dia 3 de outubro, junto com a CPTM. As Linhas 8 e 9 pioraram depois da privatização e esses bilionários estão ganhando dinheiro. Por isso que vai ter greve no metrô e na CPTM, greve conjunta. Vamos fazer história e mostrar a força da unidade dos trabalhadores para o governador Tarcísio [de Freitas (Republicanos)]", disse.

A presidenta do sindicato apontou ainda que a greve tende a potencializar o processo de arrecadação de votos para o plebiscito popular, organizado por sindicatos e movimentos populares para discutir as privatizações, que terá seu prazo final adiado para o dia 5 de novembro. 

"Votamos  inclusive  estender  o  plebiscito  por  mais  um  mês.  Na primeira  semana  de  outubro,  última  semana  de  setembro,  vamos  fazer  uma  prévia, mas  vamos  continuar,  porque  o  diálogo  está  muito  bom  e  o  plebiscito  ajuda  a  gente  a  ampliar  essa  discussão  com  quem  precisa  do  transporte  público  e  da  água  do  saneamento  básico  barato. Achamos que a nossa greve vai potencializar o plebiscito porque a gente vai colocar na mídia essa discussão que o Tarcísio está querendo fazer às escondidas", pontuou.

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O deputado estadual Simão Pedro (PT-SP) defende que este espaço, assim como o plebiscito, são importantes formas de diálogo e mobilização da população para que se possa explicar o que está por trás dos processos de privatização. 

"Este é um instrumento de conscientização de luta que nós estamos utilizando. Por quê? Porque o governo tem instrumentos muito fortes, como a imprensa, os discursos que ele faz. Ele tenta dizer que privatizar é melhor, que vai garantir mais serviços de forma mais rápida. Ele está mentindo dizendo que as tarifas vão ser mais baratas. A gente sabe que isso historicamente não acontece. Então, o plebiscito, essas audiências públicas, vão servir para a gente construir argumentos, socializar as informações junto à população", afirmou.

Para Thiago Duarte, que compõe a organização dos comitês do plebiscito popular, a recepção da população ao plebiscito está muito positiva. 

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"As pessoas, a maioria, não estão sabendo. Acho que esse é o objetivo do governador, fazer às escondidas. E aí quando você fala do impacto que isso vai dar no aumento da conta de água, na perspectiva das linhas de transporte, o fato de as linhas privatizadas dos trens serem muito ruins para a população, a privatização é recebida muito negativamente e as pessoas estão participando, estão votando e querem ser consultadas de uma certa maneira", acredita.

Acordos por cima entre estado e prefeitura

No dia 16 de setembro, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, assinou um documento que diminui o controle municipal sobre a Sabesp na cidade. Em um evento que aconteceu sem divulgação, Nunes assinou um termo de adesão à Unidade Regional de Água e Esgoto (Urae 1).

As unidade regionais foram criadas pelo ex-governador João Doria em 2021, como forma de adequação do estado de São Paulo ao novo marco regulatório do saneamento. As divisões tratam do saneamento de maneira regional, retirando poder dos municípios e da própria Sabesp e passando decisões importantes – inclusive sobre privatização – para conselhos regionais. 

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A cidade de São Paulo não havia aderido ao modelo, situação que mudou com Nunes. O prazo para a assinatura da adesão já havia terminado em 2022, mas um decreto do governador Tarcísio de Freitas reabriu o acesso às Uraes no estado.

Helena Maria da Silva, vice-presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), explica o que está por trás da adesão feita por Ricardo Nunes ao modelo.

"Infelizmente o governador abriu um decreto onde ele permitiu prorrogar o prazo da entrada na Urae, que é uma organização via novo Marco Regulatório do Saneamento. Aqui em São Paulo, o município de São Paulo não estava na Urae. E com a abertura que o Tarcísio fez deste decreto, o município conseguiu entrar. Ele aderindo à Urae e mudando a governança como ele fez, ele [governador Tarcísio de Freitas] e o Ricardo Nunes, por exemplo, vão poder decidir em uma canetada só a privatização dos 375 municípios. Então não vai ter que discutir com cada prefeitura e eles vão poder acelerar o processo de privatização", explicou.

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Helena lembra que esta adesão está sendo questionada, sobretudo pelos parlamentares da Câmara Municipal de São Paulo. 

"O Ricardo Nunes não poderia ter feito isso sozinho enquanto prefeito. Ele teria que ter convocado e discutido isso na Câmara Municipal de São Paulo, porque os vereadores teriam que ter essa discussão. Inclusive, tem vários depoimentos dos vereadores, dizendo que tem que discutir, tem que fazer audiência pública, não dá pra entregar todo esse patrimônio de uma vez numa canetada só do prefeito e o Tarcísio com essa negociata que eles fizeram".

Edição: Thalita Pires