A estreita ligação entre o Vietnã e o Brasil teve origem entre as décadas de 1960 e 1970, quando o povo vietnamita lutou por sua libertação e unidade nacional e os brasileiros realizaram inúmeras ações demonstrando seu apoio e solidariedade. O Vietnã e o Brasil estabeleceram oficialmente relações diplomáticas em 8 de maio de 1989, dando início a uma parceria duradoura e estável. Em 29 de maio de 2007, o relacionamento entre as duas nações ascendeu a uma parceria abrangente que se fortaleceu ainda mais ao longo dos anos.
Nos últimos 34 anos, desde o estabelecimento de relações diplomáticas, a conexão entre o Vietnã e o Brasil tem avançado de forma contínua e positiva, construindo confiança política e compreensão mútua. As duas nações receberam várias delegações ministeriais de alto nível, principalmente a visita oficial do Secretário-Geral Nong Duc Manh ao Brasil em maio de 2007 e a visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ao Vietnã em julho de 2008. Os líderes das duas nações se reuniram em várias ocasiões, fortalecendo ainda mais os laços bilaterais. A reunião mais recente ocorreu entre o presidente Lula e o primeiro-ministro Pham Minh Chinh durante a Cúpula do G7 no Japão em maio de 2023. Essa reunião agora está sendo repetida com a visita do primeiro-ministro ao Brasil em setembro.
O relacionamento entre a Assembleia Nacional e o Grupo Parlamentar de Amizade de ambos os países também avançou, contribuindo para a expansão da colaboração bilateral entre os dois países, por meio da assinatura e implementação de 16 acordos de cooperação em vários campos, como ciência e tecnologia, transporte marítimo, aviação civil, agricultura, saúde, comércio, turismo, diplomacia estatal, intercâmbio cultural e cooperação entre as duas regiões. Além disso, foi estabelecido o mecanismo do comitê conjunto dos dois países e foram realizadas consultas políticas entre os Ministérios das Relações Exteriores, promovendo a cooperação em áreas de interesse mútuo.
O Vietnã e o Brasil mantêm uma estreita coordenação em organizações internacionais e fóruns multilaterais, especialmente nas Nações Unidas e na Organização Mundial do Comércio. O Vietnã também deu total apoio à candidatura do Brasil a membro do Conselho de Segurança da ONU e o Brasil endossou a participação não permanente do Vietnã no Conselho de Segurança da ONU para o período 2020-2021.
O comércio entre os dois é digno de nota, sendo o Vietnã o principal parceiro comercial do Brasil na América Latina e o Brasil o maior parceiro comercial no Sudeste Asiático, ocupando a quinta posição.
Embora o comércio entre os dois países fosse insignificante até 2001 e apesar de desafios como a situação global e a pandemia de Covid-19, ele vem aumentando constantemente; em 2022, o valor total do comércio bilateral atingiu um recorde de US$ 6,78 bilhões (com US$ 4,55 bilhões em produtos brasileiros exportados para o Vietnã e US$ 2,23 bilhões em produtos importados do Vietnã para o Brasil), o que representa um crescimento considerável e notável no comércio.
Intercâmbios culturais e educacionais são constantemente promovidos entre os dois países, desde apresentações artísticas, cinema e exposições culinárias, atraindo um grande público.
O Brasil enviou professores para ensinar português no Vietnã e o povo vietnamita demonstra admiração pelo futebol brasileiro, comemorando as vitórias de seus times.
Em termos de turismo, tanto o Brasil quanto o Vietnã têm belas paisagens e culturas tradicionais únicas, o que os torna destinos turísticos atraentes; nos últimos anos, houve um aumento no número de turistas brasileiros visitando o Vietnã e de turistas vietnamitas viajando para o Brasil para apreciá-los.
Durante os recentes intercâmbios, os líderes em vários escalões concordaram em fortalecer ainda mais a cooperação bilateral, aproveitando o Comitê Conjunto e o mecanismo de Consulta Política, expandindo o diálogo e a conexão entre ministérios, setores, empresas e regiões de ambos os países, bem como entre organizações de amizade; continuar a implementação dos acordos de cooperação assinados e coordenar esforços para avançar as negociações em áreas como comércio, investimento, educação, tecnologia, defesa e agricultura, com o objetivo de assinar acordos apropriados em momentos oportunos. Também acordaram facilitar e incentivar o intercâmbio e o acesso de pessoas e comunidades empresariais de ambos os países aos mercados um do outro, estabelecendo relações comerciais diretas; e manter estreita colaboração e apoio mútuo em organizações internacionais e fóruns multilaterais dos quais ambos os países são membros, especialmente nas Nações Unidas.
O Brasil se comprometeu a continuar priorizando o desenvolvimento de suas relações com o Vietnã, que tem grande potencial e localização estratégica no Sudeste Asiático, reconhecendo sua importância tanto na região quanto globalmente, e o Vietnã reafirmou seu compromisso de aprofundar a amizade e a parceria abrangente com o Brasil, esperando, em um futuro não muito distante, ser uma ponte para conectar o Brasil à ASEAN e, ao mesmo tempo, expandir a cooperação nas estruturas Vietnã-MERCOSUL, Brasil-ASEAN e ASEAN-MERCOSUL.
O Presidente Lula da Silva, em setembro, a convite do Primeiro-Ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh, fará uma visita oficial ao seu país no âmbito do 35º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas; ele espera alcançar progressos substanciais, abrindo assim um novo e promissor capítulo no relacionamento entre os dois países.
A confiança política, os resultados tangíveis da colaboração ao longo de mais de três décadas e o potencial de ambos os lados significam que a parceria abrangente entre os dois países provavelmente se fortalecerá e evoluirá em um futuro não muito distante.
O comércio bilateral ainda tem um grande potencial de desenvolvimento, especialmente no contexto das relações entre o Vietnã e os países membros do MERCOSUL, na esperança de que possíveis acordos de livre comércio possam surgir entre o MERCOSUL e o Vietnã, já que há amplas oportunidades de cooperação em áreas como agricultura, segurança alimentar, segurança energética global, energia renovável, ciência e tecnologia, mudanças climáticas, transformação digital e colaboração Sul-Sul.
Edição: Thales Schmidt