GREVE NOS EUA

Biden se junta aos grevistas da indústria automobilística e diz apoiar ajuste salarial de 40%

Presidente estadunidense diz que 'montadoras estavam em apuros' e que 'agora estão indo incrivelmente bem'

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
Biden falou durante 87 segundos e disse que os trabalhadores ganham menos do que merecem - Jim WATSON / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se juntou nesta terça-feira (26) a um piquete de trabalhadores da indústria automobilística em Belleville (Michigan), apoiou a reivindicação por um aumento salarial de 40% e disse a eles que merecem “muito mais” do que estão recebendo.

A visita de Biden, a primeira de um presidente dos EUA a trabalhadores em greve na história moderna, ocorre um dia antes de Donald Trump, o pré-candidato republicano à presidência nas eleições de 2024, se encontrar com trabalhadores do mesmo setor, também em Michigan.

Pesquisas recentes indicam que Trump está à frente de Biden na preferência do eleitorado estadunidense e, alguns casos, chega a 10 pontos de diferença do atual mandatário. O candidato do partido republicano tem forte entrada na classe média, branca e trabalhadora que, no contexto das greves, tornou-se alvo de disputa entre os postulantes à presidência.

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A atitude inédita de Biden ocorreu num centro de distribuição de peças da General Motors, onde se juntou a dezenas de trabalhadores ligados ao sindicato United Auto Workers, que há 12 dias realizam uma paralisação que envolve funcionários das três maiores montadoras do país, conhecidas como as “3 grandes de Detroit”: General Motors, Ford e Stellantis (fundada em 2019 da união da Fiat Chrysler com a Peugeot Citroën).

“As empresas estavam em apuros, agora estão indo incrivelmente bem. E adivinhem? Vocês também deveriam estar indo incrivelmente bem”, disse, Biden, com o megafone em punho.

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O presidente se referia ao resgate do governo para as montadoras dos EUA em 2009 — na esteira da grande crise de 2008 —, que incluiu cortes salariais.

“Vocês me ouviram dizer muitas vezes: Wall Street não construiu este país. A classe média construiu este país, e os sindicatos construíram a classe média”, discursou o presidente. “Isso é um fato, então sigamos em frente”, afirmou. Questionado se apoiava o aumento de 40% solicitado pelo sindicato, respondeu: “Sim”.

Ladeado por seguranças, Biden cumprimentou os trabalhadores com punhos cerrados e tirou selfies com eles após o discurso, enquanto a música “Small Town”, de John Mellencamp, tocava ao fundo.

O presidente do UAW, Shawn Fain, recebeu Biden no aeroporto, entregou ao presidente um boné preto do sindicato e se juntou a ele no piquete.

Chamando a visita de Biden de “momento histórico”, Fain acusou os CEOs de ficarem com os lucros e deixarem os trabalhadores “lutando por migalhas”. “Nós sabemos que o presidente fará o que é certo para a classe trabalhadora”, disse.

O UAW também encorajou os trabalhadores não filiados a se juntarem aos piquete em apoio à visita do presidente. No entanto, até o momento, é o único sindicato de peso que ainda não fechou com Biden para as eleições de 2024.

O UAW não está envolvido na visita de Trump e Fain não planeja comparecer ao evento dessa quarta-feira (27). Trump vai se dirigir a centenas de trabalhadores em um encontro nos subúrbios de Detroit, num fabricante de autopeças chamado Drake Enterprises, que não é sindicalizado, segundo um porta-voz da AFL-CIO, maior central operária dos Estados Unidos e Canadá.

Contexto

Biden, que defende enfaticamente a necessidade de combater o aquecimento global, tem estimulado a produção e venda de veículos elétricos, por meio da injeção de bilhões de dólares em subsídios fiscais. Trump acusou Biden de “apunhalar pelas costas” os trabalhadores automobilísticos e disse que o mandato de veículos elétricos de Biden vai “aniquilar” a indústria automobilística dos EUA e vai custar “milhares de empregos”.

 

Com informações da Reuters e da CNN

Edição: Patrícia de Matos