O império imobiliário de Donald Trump pode entrar em colapso, acreditam especialistas, após a decisão de um juiz do estado de Nova York de que a fortuna do ex-presidente dos Estados Unidos foi construída sobre fraude generalizada e mentiras flagrantes.
De acordo com Michael Cohen, seu ex-advogado, Trump já virou carta fora do baralho em Nova York depois que o juiz Arthur Engoron, na terça-feira (27), revogou as licenças comerciais da Organização Trump e outras empresas de propriedade do ex-presidente e de seus filhos adultos, Eric e Don Jr.
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“Essas empresas acabarão sendo liquidadas. O juiz já determinou que a fraude existia”, disse Cohen à CNN. A decisão de Engoron ocorre no âmbito das investigações de um caso civil apresentado por Letitia James, a procuradora-geral de Nova York, que ainda não foi a julgamento. A denúncia alega que Trump e suas empresas inflaram o valor de ativos em mais de US$ 2 bilhões para obter centenas de milhões de dólares em empréstimos em termos favoráveis.
Os advogados de Trump disseram que apelariam da revogação das licenças, da nomeação de administradores e da afirmação de Engoron de que Trump e executivos viviam em um “mundo de fantasia”.
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Mas se os recursos forem malsucedidos, o colapso do império Trump pode ser iminente. A derrocada pode começar com a venda dos ativos imobiliários mais prestigiosos do líder extremista, incluindo a Trump Tower em Nova York, campos de golfe e resorts nos EUA e, possivelmente, seu clube Mar-a-Lago na Flórida, se for determinado que trata-se de uma operação comercial em vez de sua residência principal.
William Black, criminologista especialista em crimes de colarinho branco e pesquisador sobre regulamentação financeira na Faculdade de Direito da Universidade de Minnesota, disse: “Na área financeira, uma vez que os dominós começam a cair, torna-se praticamente impossível salvá-los”.
“Essas propriedades estão ainda mais desvalorizadas hoje por causa do sucesso em demonstrar que estão massivamente supervalorizadas”, explicou Black. “O mais provável é que, se você tiver um agente ou administrador honesto, eles vão vender as propriedades com prejuízo. E quando você tem um monte de propriedades, com a primeira você simplesmente precisa desesperadamente conseguir alguma ação e ela é a que recebe o maior desconto”.
Black, que ajudou a expor irregularidades no Congresso dos EUA no escândalo das Lincoln Savings and Loans nos anos 1980, no qual o financista Charles Keating inflou o valor de sua empresa para enganar os contribuintes em bilhões, chamou a decisão de Engoron de “devastadora”. Ele acredita que os funcionários de Trump serão estimulados a apresentar mais informações se ele perder sua riqueza e influência. “Muita gente pode prejudicar Trump”, disse.
Joyce Vance, uma procuradora aposentada dos EUA e professora da Faculdade de Direito da Universidade do Alabama, chamou a decisão de Engoron de “justiça”. “Esta é a pena de morte corporativa de Nova York, aplicada a Trump por anos de má conduta”, escreveu na rede social X, antigo Twitter.
This is New York's corporate death penalty, applied to Trump because of years of misconduct. Justice. https://t.co/mzGJ7vdhaT
— Joyce Alene (@JoyceWhiteVance) September 26, 2023
Eleições 2024
Trump tem prevista para esta quarta-feira (27) a participação em um evento com trabalhadores não-sindicalizados de uma empresa de autopeças no estado do Michigan, algo semelhante ao que o presidente Joe Biden fez ontem, porém com trabalhadores sindicalizados.
Pesquisas recentes indicam que Trump está à frente de Biden na preferência do eleitorado para as eleições de 2024, e também dos demais pré-candidatos republicanos na busca pela indicação do partido, motivo pelo qual o ex-presidente decidiu não participar de um debate entre republicanos marcado para esta quarta.
*Com informações do The Guardian.
Edição: Patrícia de Matos