Durante uma reunião na última quinta-feira (28), o presidente russo, Vladimir Putin, instruiu o ex-comandante do grupo Wagner, Andrei Troshev, a começar a formar "unidades voluntárias". A iniciativa do Kremlin está sendo encarada como um forma de reincorporar o batalhão de mercenários do Wagner às fileiras na guerra da Ucrânia.
Em vídeo divulgado pelo serviço de imprensa do Kremlin nesta sexta-feira (29), o presidente russo se refere a Andrei Troshev apenas por seu nome, sem mencionar cargo e atribuição. O vice-ministro da Defesa, Yunus-Bek Yevkurov, também participou da reunião.
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Andrei Troshev foi um dos comandantes da organização que não apoiou o motim liderado pelo ex-chefe do Grupo Wagner, Yevgueny Prigozhin, realizado em junho, e esteve na reunião que Putin realizou com o próprio Prigozhin e os comandantes do batalhão no Kremlin após a rebelião.
"Na última reunião, falamos sobre o fato de você estar envolvido na formação de unidades voluntárias que poderão realizar diversas missões de combate, principalmente, é claro, na zona da operação militar especial. Você mesmo lutou nessa unidade por mais de um ano. Você sabe o que é, como é feito, sabe das questões que precisam ser resolvidas com antecedência para que o trabalho de combate continue da melhor e mais bem-sucedida maneira", disse Putin durante a reunião.
Na ocasião da reunião entre Putin e Prigozhin, foi relatado que o líder russo ofereceu aos mercenários “várias opções de emprego, inclusive sob a liderança do seu comandante imediato [Andrei Troshev]”. Putin disse que “muitos participantes na reunião acenaram com a cabeça”, mas Prigozhin disse que “os rapazes não concordam com esta decisão”.
Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou nesta sexta-feira (29), que Troshev já está trabalhando no Ministério da Defesa da Rússia.
As especulações sobre o futuro do grupo Wagner acontecem desde o desfecho do motim do batalhão mercenário em junho de 2023, quando Yevgeny Prigozhin anunciou uma “marcha pela justiça” até Moscou. Em 24 de junho foi anunciado o fim da rebelião pós em negociação que determinou a condição de que Prigozhin iria para Belarus. Aos mercenários que decidiram não seguir Prigozhin foram oferecidos contratos com o Ministério da Defesa.
Em 23 de agosto, dois meses após o motim, o jato executivo privado de Prigozhin caiu na região de Tver. Como resultado do acidente, dez pessoas morreram, incluindo Yevgeny Prigozhin e o comandante do Wagner, Dmitry Utkin.
Edição: Patrícia de Matos