Nesta quarta (4) em São Paulo, depois de uma greve de 24h dos trabalhadores do Metrô, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) contra as privatizações pretendidas governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), a única linha que segue sem funcionar direito é, justamente, a concedida para a iniciativa privada.
De acordo com a concessionária ViaMobilidade, formada pelas empresas CCR e Ruas Invest Participações, que gere a Linha 9-Esmeralda da CPTM, a pane elétrica está ainda em manutenção e, por isso, os trens entre oito estações (Pinheiros até Morumbi) só circulam em uma única via.
A falha aconteceu às 14h da terça-feira (3), poucas horas depois que, se referindo às linhas 4, 5, 8 e 9, o governador Tarcísio afirmou, em coletiva de imprensa, que “as [linhas] que estão funcionando” são “as que foram transferidas para a iniciativa privada”. “Essas linhas não estão deixando o cidadão na mão”, disse Tarcísio.
Mas, pouco depois, começou a circular um vídeo com o trem parado e passageiros carregando uma senhora para que pudesse descer ao lado do trilho e seguir a pé.
Ué? 🧐
— Brasil de Fato (@brasildefato) October 3, 2023
Um trem da Linha 9-Esmeralda, operado pela ViaMobilidade, teve pane e circulação interrompida nesta tarde.
"Quais são [as linhas] em funcionamento hoje? As transferidas para a iniciativa privada", disse o governador Tarcísio pela manhã.#BdF 📲 https://t.co/KArAVdefL1 pic.twitter.com/qJsYXqsfDl
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“Parece irônico, se não fosse trágico e uma dura realidade”, ressaltou Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários. “Infelizmente essas falhas fazem parte do cotidiano dos usuários que dependem dessas linhas. A privatização gera um caos todo dia em São Paulo”, disse Lisboa.
Nesta quarta (4), a ViaMobilidade abriu um boletim de ocorrência pedindo que a polícia investigue suposto vandalismo na região onde houve falhas. A gestão de duas linhas paulistas de trem, concedidas durante o governo de João Doria, estarão sob a responsabilidade do conglomerado empresarial até 2051.
A greve unificada que parou a capital paulista na terça-feira (3) faz parte de uma campanha mais ampla contra as privatizações, que inclui um plebiscito popular sobre o tema organizado por sindicatos e movimentos populares até o próximo 5 de novembro. Qualquer pessoa pode votar, basta consultar os locais itinerantes das urnas.
A mobilização dos trabalhadores reivindica a suspensão do leilão de concessão da Linha 7-Rubi da CPTM à iniciativa privada (previsto para 29 de fevereiro) e também dos pregões de terceirização dos serviços de atendimento e manutenção do Metrô (marcados para os dias 10 e 17 de outubro, respectivamente). Pedem, ainda, a realização de um plebiscito oficial sobre a privatização destes serviços.
Edição: Rodrigo Durão Coelho