CENTRAL DO BRASIL

Com ataques, Hamas tenta demonstrar força diante de cerco de Israel, avalia pesquisador

Arturo Harmann analisa que o estopim do conflito atual é o fracasso do Acordo de Paz assinado há três décadas

Brasil de Fato | Recife(PE) |

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As ofensivas do Hamas foram justificadas como resposta ao aumento da violência contra o povo palestino - Ahmed ZAKOUT / AFP

O número de mortos no confronto entre Israel e Hamas chegou a 1,3 mil nesta segunda-feira (9). O governo israelense anunciou que convocou, nas últimas 48 horas, mais de 300 mil reservistas para intensificar os ataques contra a Faixa de Gaza. 

A mais recente disputa na região foi deflagrada no último sábado (7), após o Hamas atacar o território israelense.

As ofensivas do Hamas foram justificadas como resposta ao aumento da violência contra o povo palestino, à proposta de anexação de partes da Cisjordânia e aos ataques contra a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém. O local é considerado sagrado pelos muçulmanos e tem sido alvo de ações violentas da polícia israelense e de fundamentalistas religiosos judeus. 

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Arturo Hartmann, pesquisador de relações internacionais, participou do programa Central do Brasil desta segunda-feira (9) e analisou os aspectos gerais do conflito. Na avaliação dele, o Hamas tenta fazer uma demonstração de força diante da pressão colonial exercida por Israel. 

"Gaza é um território cercado desde 2006. E o cerco quer dizer que não há possibilidade de saída para a população. Todo movimento de saída é controlado por Israel em parceria com o Egito. A entrada de qualquer substância - alimento, materiais de construção, remédios - tudo é controlado. O Hamas tenta com esse choque que ele produz provar que esse cerco pode ser quebrado", analisou. 

"É uma estratégia de guerra para demonstrar a fraqueza do colonizador", reforçou Arturo. 

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O pesquisador também analisou que o estopim desse confronto mais recente está relacionado com um contexto histórico mais amplo e revela que o Acordo de Paz assinado há trinta anos em Oslo fracassou. 

"O diagnóstico que tem que ser feito inicialmente é de que esse acordo construiu tudo, menos paz para os palestinos e, obviamente, para os israelenses. Porque ele se acoplou a um objetivo que ele não conseguiu enxergar: o confronto colonial. A única coisa que o processo de paz fez foi alimentar os mecanismos do controle colonial israelense sobre os palestinos", analisou. 

Arturo analisou que a ascensão da extrema direita em Israel ajudou a alimentar estas práticas coloniais e que, como consequência imediata, era esperado uma reação violenta dos palestinos diante dessa estrutura colonizadora. 

"Não é possível esperar um controle sobre uma população durante décadas com uma extrema violência, usando a segregação, e que com isso não haja uma reação, que também vai ser violenta", concluiu. 

Arturo também analisou os efeitos desse conflito internamente em Israel, sobretudo para o governo de Benjamin Netanyahu, e sobre a cobertura da mídia ocidental, em especial a imprensa brasileira, a respeito do conflito. 

A entrevista completa está disponível na edição do Central do Brasil desta segunda-feira (9) no canal do Brasil de Fato no YouTube. 



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Edição: Thalita Pires