ELEIÇÃO NO EQUADOR

Com forte segurança e candidatos usando coletes balísticos, votação corre em paz no Equador

Apesar de terem visões opostas, candidatos Luisa González e Daniel Noboa têm uma prioridade em comum: combater violência

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
González e Noboa na hora do voto: ele fala em mudança e ela espera viabilizar a volta da Revolução Cidadã ao poder - Rodrigo BUENDIA, MARCOS PIN / AFP

A eleição presidencial antecipada no Equador transcorre sem nenhum incidente grave até o momento. Cercada de expectativa por causa da onda de violência sem precedentes que acomete o país, a votação conta com um efetivo de segurança formado por mais de 90 mil agentes da Polícia Nacional e das Forças Armadas.

Antes do primeiro turno, o candidato Fernando Villavicencio foi assassinado pelo crime organizado.

Os dois candidatos que disputam o segundo turno, Luisa González e Daniel Noboa, votaram trajando colete à prova de balas e cercados por forte aparato de segurança. O ministro do Interior, Juan Zapata, pediu aos cidadãos que fossem às urnas e confiassem no esquema de segurança montado pelo governo.

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A presidenta do Conselho Nacional Eleitoral, Diana Atamaint, informou há pouco que, até as 13h (15h de Brasília), 43% dos eleitores haviam votado. As urnas serão fechadas às 17h (19h de Brasília) e os primeiros resultados devem ser divulgados por volta de 18h30 (20h30 de Brasília).

Apesar do quadro geral de tranquilidade, Atamaint mencionou que houve uma denúncia de irregularidade na província de Sucumbios (nordeste do país), onde um vídeo que circulou em redes sociais mostrava marcação de cédulas de votação em favor de uma candidatura. Ela afirmou ter pedido às autoridades competentes, como o Ministério do Interior, que investiguem o caso. “Seremos enérgicos e vamos atuar com todo o peso da lei”.

Luisa González, aliada do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) e escolhida para tentar trazer o correísmo de volta ao governo, deu o seguinte depoimento ao depositar seu voto na urna: “Minha intuição é que o Equador triunfe, ou seja, que a Revolução Cidadã vença”. O objetivo dela é retomar a plataforma de governo progressista implementada pela coalizão Revolução Cidadã, trazendo de volta o Estado para o centro das decisões para lidar com os principais problemas do país. Se eleita, será a primeira mulher a governar o Equador.

“Não dá mais para enganar os equatorianos. É hora de esperança, de mudança, de um novo Equador”, publicou Daniel Noboa, da Ação Democrática Nacional, no X (antigo Twitter) logo após votar. Filho mais velho do empresário do setor bananeiro e cinco vezes candidato presidencial Álvaro Noboa, Daniel propõe administrar o país com a participação do setor privado, dentro da perspectiva de uma gestão mais liberal. Se eleito, será o presidente mais jovem da história do país.

Apesar das visões opostas para o país, os dois candidatos têm uma prioridade em comum: combater a violência que sufoca a população. Nos seis anos transcorridos desde que a Revolução Cidadã deixou o poder, a estrutura do Estado foi reduzida, o que deixou boa parte da população sem médicos, remédios, hospitais, empregos, aposentadorias e segurança. O Equador se converteu num narcoestado e os níveis de criminalidade e violência foram multiplicados por cinco.

Guillermo Lasso, atual presidente do país, afirmou  esperar que este seja um “dia cívico de paz e tranquilidade”. Foi Lasso quem provocou essa eleição antecipada ao decretar a chamada “morte cruzada”, no contexto de uma disputa ferrenha com o Legislativo, que pretendia tirá-lo do cargo sob acusação de corrupção. “A partir desta terça-feira (17), estaremos prontos para iniciar imediatamente um processo de transição, permitindo que as novas autoridades compreendam a situação do país e os projetos em andamento em várias áreas”, afirmou Lasso.

A pessoa que for eleita terá mandato até maio de 2025, data na qual originalmente se encerraria o governo de Lasso.

Aproximadamente 13,5 milhões de eleitores estão convocados a votar neste domingo. No Equador, o voto é obrigatório entre 16 e 65 anos, com algumas exceções. A multa para quem não vota é de 10% do salário mínimo, estabelecido em 450 dólares.

* Com informações do ComunicaSul, El Universo, El País e Conselho Nacional Eleitoral.

Edição: Raquel Setz