O governo e a oposição da Venezuela devem voltar à mesa de diálogo que estava travada desde novembro do ano passado. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (16) pela Noruega, país mediador do processo.
Em comunicado, a embaixada da Noruega no México, que vinha sendo sede dos diálogos, afirmou que ambas delegações devem se reunir em Bridgetown, capital de Barbados, nesta terça-feira (17).
:: O que está acontecendo na Venezuela ::
A retomada de negociações entre o governo do presidente Nicolás Maduro e o setor extremista da oposição de direita da Venezuela é vista pelas partes como elemento central para a eliminação de sanções e a definição de um cronograma eleitoral para o próximo pleito presidencial que deve ocorrer em 2024.
Na última vez em que as delegações se reuniram, em novembro de 2022, os opositores se comprometeram a liberar US$ 3 bilhões que pertencem ao Estado venezuelano e que estão bloqueados pelos EUA em contas estrangeiras. Caracas, no entanto, denuncia que a oposição apoiada por Washington não cumpriu o acordo, o que fez com que o governo se retirasse do processo de negociações.
Desde então, os únicos alívios de sanções alcançados pela Venezuela resultaram de negociações diretas entre Caracas e Washington, como o retorno da gigante energética Chevron ao país sul-americano em dezembro.
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Já a oposição perdeu sua liderança aglutinadora, o ex-presidente autoproclamado Juan Guaidó, e aposta em eleições primárias para tentar definir um candidato presidencial unificado para o próximo pleito. Entretanto, a desistência de candidatos como o ex-governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, e o governador do estado de Zulia, Manuel Rosales, enfraqueceram o processo e dividiram ainda mais o já fracionado campo da direita.
Segundo pesquisas, o favoritismo segue com a ultraliberal Maria Corina Machado que adota um discurso abertamente hostil e anti-comunista para rivalizar com o chavismo. Machado, no entanto, está inabilitada de ocupar cargos públicos desde 2015, fruto de um processo classificado por ela como "perseguição política". Segundo a Controladoria-Geral da República, a opositora sofreu a sanção após irregularidades em sua declaração de patrimônio apresentada durante o período em que foi deputada no Parlamento (2011 - 2014).
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Segundo o jornal Washington Post, os EUA se preparam para aliviar sanções contra a indústria petroleira venezuelana caso as delegações cheguem a um acordo nesta terça-feira.
Desde 2019, a estatal petroleira da Venezuela PDVSA é alvo de um bloqueio determinado pela Casa Branca que praticamente a impediu de negociar com outros países, o que levou a uma redução de 98% dos ingressos em dólares na Venezuela, segundo dados oficiais. Por isso, a suspensão das sanções contra o setor energético é visto por Caracas como fundamental para melhorar suas condições de disputa eleitoral no próximo ano.
Ainda de acordo com o jornal estadunidense, é possível que governo e oposição negociem a suspensão de inabilitações de pré-candidatos opositores, o que poderia abrir caminho para que figuras como Machado e Capriles sejam candidatos elegíveis para o próximo pleito.
Edição: Leandro Melito