Famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) receberam, na última sexta-feira (13), a imissão de posse de terra do assentamento Esperança da Terra, localizado no município de Paracuru, na região litorânea do Ceará.
A conquista é resultado de mais de 16 anos de luta pela terra, promovida por trabalhadores que, na madrugada de 16 de abril de 2007, ocuparam a fazenda improdutiva São Pedro.
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O novo assentamento foi adquirido pelo Instituto de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará (Idace), com base na Lei nº 17.533, de 22 de junho de 2021, que dispõe sobre a Política de Regularização Fundiária Rural no Estado do Ceará (Lei Wilson Brandão).
"Lutar vale a pena. Os testemunhos dados aqui pelos Sem Terra, desde os últimos 16 anos até chegarmos ao momento de assinar a imissão de posse, demonstram a importância da luta pela terra, que continua sendo uma questão atual e não está superada enquanto existir latifúndio, concentração de terra e pessoas sem terra. A luta pela Reforma Agrária é necessária e fundamental para garantir a justiça social no campo", destaca João Alfredo, superintendente do Idace, durante seu discurso no ato.
João destacou ainda que "o MST e os acampados estão de parabéns. Parabéns àqueles que lutam e conquistam. Neste ano, inclusive, em que tentaram criminalizar o MST, essa conquista é muito significativa". O novo assentamento de reforma agrária Esperança da Terra beneficiará 15 famílias, proporcionando moradia, fonte de renda e a certeza de que aquele pedaço de chão será de fato utilizado por aqueles que fazem a terra cumprir sua função social de produzir vida, dignidade e alimentos saudáveis.
O presidente da Associação do Assentamento Esperança da Terra, Francisco Alcantara, afirma. "Ocupamos essa área há mais de 16 anos com a intenção de plantar, colher, sustentar nossas famílias e cuidar da terra. Desde o início, sabíamos que o MST estaria sempre ao nosso lado, defendendo as famílias e esse pedaço de chão. Foram 16 anos de ameaças por parte dos latifundiários e empresários da região, mas resistimos contra essa situação de opressão. Hoje é um momento de muita alegria, receber a posse da terra é receber a segurança de produzir e viver em paz. Daqui para frente pretendemos potencializar nossa produção de coco, batata, macaxeira, mandioca, acerola, manga e outros cultivos. Como assentados, buscaremos projetos para potencializar nossa produção e comercializar", projeta.
Irineuda Lopes, da Coordenação Nacional do MST, reforça a importância da luta e resistência dos trabalhadores e dos apoios recebidos dos amigos, aliados e parceiros da luta pela Reforma Agrária. "É um momento histórico para nosso movimento, mesmo sendo atacados e rotulados como criminosos. Uma CPI foi criada para investigar nossas ações, mas nada foi comprovado. A única constatação é que nosso movimento é legítimo, pois lutamos pela terra e pela dignidade humana. Só há dignidade no campo quando a Reforma Agrária é realizada. Para efetivar a Reforma Agrária é necessário ocupar, resistir e fazer valer a Constituição, garantindo que a terra cumpra sua função social. Hoje estamos comemorando a conquista da terra, mas muitas lutas ainda virão", celebra.
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O ato político teve início por volta das 11h com uma mística resgatando o histórico do acampamento e os compromissos do MST com a terra e com a vida, e contou com a presença de assentados de municípios vizinhos, do prefeito de Paracuru, Wembley Gomes (PDT); do deputado estadual, Missias Bezerra (PT); do superintendente do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará (Idace), João Alfredo; dos secretários executivos da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Pedro Neto e Taumaturgo Junior; da ouvidora externa da Defensoria Pública do Estado do Ceará, Joyce Ramos; do presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) de Paracuru, Jurandi Soares; do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Paracuru (STTR), Erineide Rocha; de militantes e dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e das 15 famílias assentadas do novo assentamento Esperança da Terra.
Fonte: BdF Ceará
Edição: Francisco Barbosa