O confronto entre Israel e Hamas, deflagrado no dia 07 de outubro, já tem consequências trágicas, com mais de 4 mil mortes e quase 10 mil feridos. Após o ataque surpresa do Hamas - o mais letal da História de Israel, com cerca de 1,4 mil mortos - seguiram-se 11 dias de intensos bombardeios israelenses contra o território palestino nos quais as forças militares israelenses não pouparam prédios cruciais para os civis palestinos, como escolas, hospitais e demais serviços públicos.
Além de atingir diretamente os principais envolvidos, a guerra tem transbordado as fronteiras de Israel e Palestina e cresce o temor de a qualquer momento se transformar num confronto maior, incluindo no campo batalha países como Irã e o Líbano.
O Central do Brasil ouviu, nesta terça-feira(17), Arturo Hartmann, pesquisador e analista de assuntos internacionais, para entender qual a possibilidade do envolvimento desses dois países no conflito e o nível de gravidade que esta participação produziria.
Em linhas gerais, Arturo compreende que ainda é cedo para prever com segurança se a guerra vai tragar novos países, sobretudo porque as levam em consideração declarações não muito confiáveis de agentes envolvidos. Além disso, ele destaca que há condicionantes internas que impedem uma adesão imediata desses países.
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"A gente pode inferir algumas coisas das declarações. Acho que, na prática, a primeira coisa que eu poderia falar é a seguinte: do ponto de vista material, e eu estou falando das condições de fato, o Líbano tem um equilíbrio político muito frágil e uma situação econômica muito complicada nesses anos mais recentes. Abrir uma frente de batalha com Israel poderia ser problemático para o Líbano, para o Hezbollah [grupo militante libanês patrocinado pelo Irã]. E mesmo Israel não deseja essa frente", analisou.
Apesar desse contexto interno, os países têm se alfinetado em declarações recentes de suas respectivas autoridades. Houve também registro de disparados ao sul Líbano, na fronteira com Israel.
O Irã, por sua vez, que apoia o Hamas e o Hezbollah, emitiu declarações de que, caso o governo israelense não pare os ataques contra a Gaza, as forças iranianas deveriam reagir.
"Pode ser um primeiro sinal de que o Irã pode entrar diretamente, mas isso é pouco provável. Ou ele deve entrar através de grupos dos quais ele é aliado, como por exemplo o Hezbollah. Mas tudo são indicações e inferências a partir de declarações. Para isso realmente acontecer, é um passo muito adiante. Porque teria impactos para o Irã, para o Hezbollah e para Israel também", analisou.
Arturo também explicou que as tensões históricas na fronteira norte de Israel e sul do Líbano são controladas, com impactos previsíveis. Mas, diante da escala inédita do conflito deflagrado no dia 7 de outubro, as configurações dos confrontos podem ser refeitas.
"Às vezes, mesmo que as duas partes não queiram, isso pode explodir. E aí eu estou falando de Israel e Hezbollah. No caso do Irã, sim, isso é absolutamente inédito. Acho que só a declaração do primeiro-ministro iraniano já é uma novidade. A gente sabe que há disputa regional e os dois grandes adversários são Irã e Israel, mas eles nunca entraram em um confronto direto", analisou.
"A gente só pode especular. Acho que a palavra que me viria à cabeça agora é catastrófico, se houver um confronto entre Israel e Irã", concluiu.
A entrevista completa está disponível na edição do Central do Brasil desta terça-feira(17) no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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Edição: Rodrigo Durão Coelho