ÁFRICA DO SUL

Liderança palestina pede para que solidariedade internacional vá além de protestos: 'boicote Israel'

Leila Khaled também falou sobre o ataque ao hospital Al-Ahli, em Gaza, e sobre a visita de Joe Biden à Tel Aviv

Brasil de Fato | Joanesburgo (África do Sul) |
Leila Khaled: "A área de Gaza está por todos os continentes, porque o povo do mundo apoia a luta dos palestinos. Mesmo que eles nos matem". - Rafa Stedile

Em sua fala no último dia da Conferência Internacional dos Dilemas da Humanidade, que acontece em Joanesburgo, na África do Sul,  a histórica militante da Frente Popular para a Libertação da Palestina Leila Khaled pediu que a solidariedade internacional ante a escala militar de Israel em Gaza vá além dos protestos.

"As manifestações também necessitam de outras ações. Boicote todos eles. Boicote Israel. Expulse as embaixadas israelenses de seus países. Expulsem a embaixada americana da sua terra."

"Em seus comícios, em suas discussões, peço que tomem a verdade sobre este conflito, que digam ao vosso povo que há outras pessoas que estão passando fome agora".

Ataque à hospital

Na terça (17), um ataque na  Faixa de Gaza atribuído por palestinos a Israel atingiu o Hospital Árabe Al-Ahli, que abrigava centenas de famílias, feridas no contínuo bombardeio israelense contras os palestinos. De acordo os dados do Ministério da Saúde de Gaza, o número de vítimas fatais é superior a 500. Israel nega a autoria do ataque. 

Khaled declarou que está acontecendo um "holocausto sionista" contra os palestinos. "Nossos filhos estão escrevendo a Palestina com o sangue", disse. E reiterou a continuidade da resistência: "Se um de nós permanecer vivo, continuaremos lutando".

"Permanecemos na nossa terra até a morte ou até a liberdade", completou Khaled em sua fala.

A única opção é lutar

Durante participação em um telejornal israelense nesta terça, o ministro Gideon Sa’ar, membro do gabinete de emergência israelense criado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahua firmou que “Gaza tem de ser menor depois desta guerra”.

“Primeiro, porque é uma questão de segurança nacional. Tanto no Leste quanto no Norte, eles terão que perder esse território. Em segundo, porque a perda de terras é o preço que os árabes entendem”, afirmou Gideon Sa´ar.

Khaled afirma que, por parte dos palestinos, não há "medo do que o Netanyahua diz". "São eles [israelenses] que estão com medo, porque os palestinos sempre têm esperança para realizar seus sonhos através da luta, da luta armada, e de outras formas de resistência. Não temos escolha, a única opção é lutar. Lutar e libertar nosso povo dessa ocupação", colocou.

"Quando você liberta sua terra quer dizer que esta defendendo sua casa. É o nosso direito de volta, por resolução da ONU, que está na gaveta desde 1948. No conselho de segurança da ONU, a França sugeriu que fosse denunciado o que está sendo feito contra palestina. Somente 5 países apoiaram. É isso que a gente quer? o ser humano esta sentado nos seus lugares de luxo, tomando seu café da manha." 

Biden em Israel

Leila Khaled também comentou a ida do presidente americano, Joe Biden, à Israel, que desembarcou nessa quarta (18) em Tel Aviv, e foi recebido com um abraço de Netanyahu. Biden também endossou a versão do premier israelense de que o país não foi responsável pelo ataque ao hospital, em Gaza.

"O Biden indo para Tel Aviv está passando mensagem para os árabes que eles não querem nem ver protestos nas ruas. Eles vão para apoiar os assassinos. Essa é a cara do imperialismo. Quando há guerras, eles vão apoiar os assassinos, os nazistas, os fascistas", pontuou Khaled. 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho