A quatro dias das eleições, em um contexto de alta volatilidade cambial, inflação disparada e queda das reservas em moeda estrangeira, a Argentina obteve mais dinheiro junto à China: um novo empréstimo de 47 bilhões de yuans, o que equivale a cerca de 6,5 bilhões de dólares – 1,5 bilhão a mais do que havia sido solicitado.
Trata-se de uma ampliação do acordo de swap cambial entre os dois países, segundo anunciou o presidente Alberto Fernández, que está em Pequim participando do fórum que celebra os dez anos da Iniciativa do Cinturão e Rota, projeto de infra-estrutura também conhecido como a nova rota da seda chinesa.
O swap é um mecanismo de intercâmbio de moedas sem a utilização de uma terceira moeda – no caso, o dólar. Ele não tem custos por ser um intercâmbio, não um empréstimo, que é acionado conforme a necessidade. No entanto, a Argentina só pode usufruir dele para fazer pagamentos a credores que aceitam a moeda chinesa.
No pagamento da última parcela da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Argentina pôde pagar com yuans. O governo pretende fazer o mesmo na próxima parcela, caso o FMI aceite.
O ministro da Economia e candidato à presidência Sergio Massa classificou o acordo como "uma notícia enorme" e afirmou que, após a eleição de domingo, o governo vai pagar antecipadamente vencimentos da dívida com o FMI, cujo valor total é de 57 bilhões de dólares.
Massa informou também que, nesta quarta-feira (18), haverá mais de 50 buscas e detenções de pessoas que especularam com a taxa de câmbio não oficial. Nos últimos dias, incentivada pelo candidato ultraliberal Javier Milei, a corrida cambial dos argentinos em busca de dólares elevou a cotação da moeda estadunidense no mercado paralelo de uma média que girava em torno de 700 pesos para um pico de mais de mil pesos. Com isso, o paralelo, chamado de dólar "blue", atingiu quase o triplo da cotação oficial, mantida pelo governo em 350 pesos.
Massa, Milei e Patricia Bullrich são os candidatos mais cotados para vencer a eleição na Argentina, de acordo com o resultado das primárias de agosto e também com as pesquisas mais recentes.
Gratidão
"Uma vez mais, o governo de Xi Jinping atendeu às nossas reivindicações", declarou Fernández após se reunir com o presidente chinês. Ele explicou que parte desses fundos permitirá ao Estado intervir nos mercados para conter a escalada do dólar. Afinal, os fundos provenientes do novo acordo são "de livre disponibilidade", ou seja, podem ser usados como o governo quiser, diferentemente dos recursos emprestados junto ao FMI, atrelados a metas de ajuste fiscal.
Com informações do Página 12, La Nación e agência Télam.
Edição: Nicolau Soares