O primeiro turno das eleições presidenciais na Argentina será realizado no próximo domingo (22). A população vai às urnas em meio a uma profunda crise econômica. Mas, como já observado nas eleições brasileiras dos últimos anos, o que tem mobilizado a campanha e o debate entre os candidatos não são esses temas considerados fundamentais para a sociedade.
O doutor em Relações Internacionais e professor da Universidade de Brasília, Carlos Eduardo Vidigal, acredita que o que tem dominado o assunto durante a campanha é a performance dos candidatos nas redes sociais.
Para Vidigal, que participou ao vivo do Central do Brasil nesta quinta-feira (19), esse movimento tem esvaziado o debate de uma das eleições mais importantes da história da Argentina nos últimos anos, tirando de cena temas como a questão econômica.
"O eleitor está preso mais ao embate televiso do que propriamente ao debate político", observou.
:: Na Argentina, empresários e think tanks de direita abandonam macrismo para apoiar Milei ::
Mas Carlos não culpa exclusivamente as plataformas digitais por esse esvaziamento. Ele também atribui o fenômeno a um elemento geracional, marcado por uma juventude em desencanto com a política, e também reafirma que este fenômeno atingiu outros países da América do Sul.
"A maioria dos analistas tem atribuído este efeito midiático não só ao impacto que as mídias sociais representam, mas também a desilusão e falta de perspectiva dos jovens argentinos, principalmente em termos de mercado de trabalho".
"É bom lembrar que outras eleições na América Latina nos últimos anos também tem mostrado uma escassez de ideias, com propostas muito pouco relacionadas ao cotidiano do eleitor. O resultado disso é o enfraquecimento geral da democracia", analisou.
O professor também avalia que a presença do ultraconservador Javier Milei na disputa, com relevante atuação no pleito, tem tumultuado o debate. Milei defendeu, ao longo da campanha, a dolarização da economia e o fim do Banco Central.
:: Javier Milei e Sergio Massa lideram pesquisas na Argentina, mas Patricia Bullrich confia em crescimento na reta final ::
A avaliação de Vidigal é que ideias dessa natureza acabam por interditar o debate público sensato sobre a economia.
"Na verdade, os três candidatos não chegaram a aprofundar propostas econômicas. A situação da Argentina é ímpar. Um candidato, que é o Javier Milei, identificado normalmente como a extrema direita, chega a propor a dolarização da economia e o fim do Banco Central. Diante de uma ideia tão estapafúrdia, os demais candidatos ficam com dificuldade de fazer proposta, principalmente Sérgio Massa porque ele é o ministro da economia. O grande desafio será, após as eleições, elaborar um plano que equilibre a economia".
Para conferir a entrevista completa, basta acessar a edição desta quinta-feira do Central do Brasil no canal do Brasil de Fato no YouTube.
E tem mais!
EUA e o conflito no Oriente Médio
No mundo inteiro só se fala sobre o conflito entre Israel e as forças do Hamas. Nos Estados Unidos não é diferente, e o presidente Joe Biden precisa se equilibrar em meio a um crescente desacordo da população do país sobre a situação no Oriente Médio.
O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Thalita Pires