O poder de veto dos Estados Unidos adiou a possibilidade de paz
Olá!
Dentro e fora do país, a diplomacia brasileira se encontra no fogo cruzado entre a verdade da guerra e a força do fundamentalismo de direita.
.Enquanto seu lobo não vem. Se há uma mostra do poder de Arthur Lira, está no fato de que seu périplo pela Ásia simplesmente esvaziou a pauta parlamentar e nada de relevante foi discutido sem o presidente da Câmara. Por um lado, é bom para o Planalto, que vê esfriar a estratégia de Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco de baterem no Judiciário para ganharem votos com os conservadores na disputa do Senado e do governo mineiro, respectivamente.
Na queda de braços silenciosa nos corredores, Pacheco terminou sozinho com a bandeira anti-STF, cujo motor é a bancada ruralista, e Alcolumbre desistiu de segurar a sabatina dos indicados do STJ. Bom também para Fernando Haddad, que vai deixar para Lira o trabalho duro de convencer a própria bancada petista da proposta de déficit zero. Por outro lado, o marasmo do Congresso devolve os holofotes ao governo e aí a pedra do sapato é sempre a economia. A princípio, o orçamento do próximo ano prevê um significativo aumento para as áreas sociais, ainda que seja insuficiente diante do déficit social herdado dos últimos anos, segundo o Inesc. O orçamento para a reforma agrária, por exemplo, é o menor entre os governos petistas.
O problema é que o governo gostaria de dar boas notícias, e não há nada no horizonte que aponte para um fim de ano auspicioso. E aí, as férias de Lira também empacam propostas importantes como a reforma tributária. Outros pontos prioritários para o Planalto também não devem sair do papel tão cedo, como as mudanças na lei trabalhista, que continuam emperradas nas negociações entre plataformas de transporte e motoristas, especialmente no tema da previdência. E mesmo a menina dos olhos do governo neste primeiro ano, a política internacional, pode enfrentar mais turbulências além do conflito na Palestina. O país vai ter que repetir o sucesso como negociador que demonstrou no acordo entre governo e oposição na Venezuela para redefinir as bases financeiras de Itaipu com o Paraguai na próxima semana. Enquanto isso, no Equador, a volta da esquerda foi bloqueada pela eleição de um empresário neoliberal, e as eleições deste final de semana na Argentina podem ter resultados ainda mais desagradáveis.
.Ponto Final: nossas recomendações.
.Faixa de Gaza em mapas: a vida no território palestino. Na BBC, conheça os detalhes geográficos do maior campo de concentração da era atual.
.A contribuição da mídia para o ciclo de violência. No Le Monde, Igor Ojeda analisa a estrutura do discurso da mídia brasileira pró-Israel.
.A inflação vai às urnas na Argentina. Veja a situação econômica de nossos vizinhos e como a crise pode afetar o resultado eleitoral. Na Piauí.
.Os países ricos estão exportando o colapso climático para o Sul Global. O colonialismo de carbono é a nova faceta da desigualdade mundial. Na Jacobin Brasil.
.Em 20 anos, 43 políticos foram executados no Rio com suspeita de ação do crime organizado. O Globo mostra os padrões que marcam a violência política no estado do Rio de Janeiro.
.Algoritmo do YouTube ajuda Brasil Paralelo a radicalizar brasileiros sobre crise climática. Pesquisadores do NetLab da UFRJ comprovam que o algoritmo do YouTube impulsiona desinformação e conspiracionismo. Na Agência Pública.
.Entrevista: Lula e Bolsonaro se unem na privatização de presídios, diz defensor público. No Intercept, Bruno Shimizu analisa os efeitos do modelo privatista para o sistema prisional brasileiro.
.Marighella, futebol e política. No Outras Palavras, a relação entre o esporte mais popular do país e o dirigente comunista.
*Ponto é editado por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile.
**Este é um texto de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Geisa Marques