O porta-voz da Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou nesta terça-feira (24) que não é o momento de se falar em um cessar-fogo na região de Gaza, porque Israel ainda tem "trabalho a fazer" em relação a lideranças do Hamas e que o fim das hostilidades beneficiaria apenas o grupo palestino.
A posição da Casa Branca vai na contramão do esforço de diversos países e organizações humanitárias que pedem um cessar-fogo para que a ajuda humanitária chegue à região do conflito.
A fala de Kirby gerou reação do Conselho de Relações Americano-Islâmicas, grupo muçulmano estadunidense. Em nota, o conselho afirmou que os EUA estão permitindo ativamente o bombardeio em massa por parte do governo israelita de homens, mulheres e crianças em Gaza, "incluindo tanto cidadãos americanos que não podem evacuar devido ao bloqueio, como cidadãos americanos alegadamente mantidos como reféns".
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O governo dos Estados Unidos prepara uma possível evacuação de centenas de milhares de cidadãos estadunidenses que vivem no Oriente Médio, principalmente em Israel e no Líbano, se a guerra na região de Gaza se intensificar, informou o The Washington Post nesta terça-feira (24).
A estimativa do Departamento dos EUA é de que aproximadamente 600 mil cidadãos estadunidenses vivam em Israel e 86 mil no Líbano.
"Se o presidente Biden quisesse forçar o governo israelense a permitir a evacuação dos americanos presos em Gaza, ele poderia fazê-lo hoje", diz o comunicado do Conselho de Relações Americano-Islâmicas (Cair).
Esforço internacional pela paz
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira a reação de Israel após o ataque do grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza. "Não é porque o Hamas cometeu um ato terrorista contra Israel que esse país tem que matar milhões de inocentes", disse, no programa semanal Conversa com o Presidente, transmitido pelo Canal Gov.
Lula disse que já conversou com líderes de diversos países – incluindo Israel, Autoridade Palestina, Egito, Irã, Turquia, França, Rússia e Emirados Árabes – com o objetivo de mediar uma solução para o conflito. Segundo ele, ainda estão previstas conversas com líderes da China, da África do Sul e do Catar.
ONU critica atuação de Israel
Em discurso na abertura da sessão do Conselho de Segurança da ONU na manhã desta terça, o secretário-geral António Guterres classificou como uma "ocupação sufocante" a atuação de Israel na Faixa de Gaza.
"É importante reconhecer que os atos do Hamas não aconteceram por acaso. O povo palestino foi submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante. Eles viram suas terras serem brutalmente tomadas e varridas pela violência. A economia sofreu, as pessoas ficaram desabrigadas e suas casas foram demolidas", disse Guterres.
Em represália, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen cancelou a reunião que teria com Guterres, e o embaixador do país na ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão imediata do secretário-geral.
"Eu peço que ele se demita imediatamente. Não há justificativa ou sentido em falar àqueles que mostram compaixão às mais terríveis atrocidades cometidas contra os cidadãos de Israel e o povo judeu", disse.
*Com informações de Al Jazeera, The Washingon Post, Valor e g1
Edição: Thalita Pires