O "Atlas Agroecológico dos Alimentos Saudáveis da Região Metropolitana de Porto Alegre" é uma ferramenta organizava desenvolvida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Rio Grande do Sul (MST-RS) e a Cootap (Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre). O objetivo do atlas é mapear e divulgar informações sobre a produção e distribuição de alimentos saudáveis.
Segundo a coordenadora do Setor Social e Organizativo da Cootap e da coordenação do MST da Metropolitana, Sandra Rodrigues, as informações reunidas no atlas são fruto de um esforço coletivo de mapeamento e sistematização de dados geoespaciais, a partir do trabalho que já vem sendo desenvolvido pela Cootap e pela OPAC/Coceargs (Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade da Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul) junto as 104 famílias do Grupo Gestor das Hortas e Frutas Ecológicas.
“É um instrumento de luta pela reforma agrária popular e pela agroecologia. O seu objetivo é dar visibilidade e fortalecer as experiências agroecológicas das famílias da Cootap/MST que produzem alimentos frescos na Região Metropolitana de Porto Alegre”, salienta.
A versão digital contará com um mapa interativo que traz informações sobre os assentamentos, os lotes de produção agroecológica, os grupos de certificação orgânica, as feiras ecológicas e as cozinhas comunitárias. O mapa online, em construção, já pode ser acessado neste link.
A versão impressa trará dados geoespaciais ilustrados sobre a produção de alimentos frescos nos 17 municípios e nas quatro microrregiões – Eldorado do Sul, Viamão, Nova Santa Rita e Encruzilhada do Sul – que integram a Região Metropolitana na estrutura organizacional do MST. Além disso, também trará informações sobre as feiras ecológicas, cozinhas comunitárias e sobre as políticas públicas, fundamentais para a soberania alimentar no campo e na cidade.
:: 20ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico do MST reúne cerca de 5 mil pessoas em Viamão ::
Alguns dados gerais já foram divulgados no pré-lançamento, durante a 20ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, em Viamão. Entre eles, a participação de 104 famílias na produção; 76 jovens até 35 anos; 22 grupos; 2900 toneladas de alimentos frescos produzidos no último ano; 160 toneladas de alimentos beneficiados na Agroindústria Vegetal da Cootap. Assim como, práticas agroecológicas nos lotes: 72% realizam compostagem de resíduos orgânicos; 17% possuem energia solar no lote; 15% realizam atividades de educação ambiental no lote; 13% possuem tecnologias de saneamento ecológico; 16% são guardiões de sementes crioulas.
O atlas começou a ser construído em setembro de 2022, a partir de uma parceria entre a Cootap, o Núcleo de Solidariedade Técnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Soltec/NIDES/UFRJ) e a ONG Germinal. Estão na equipe do Atlas: Alice Audibert, Sandra Rodrigues, Anônio Marcos Vignolo, Fernanda Petrus (pesquisadora Soltec/UFRJ), Fabiano Pires (designer/Muta), Luciana Lago (professora NIDES/UFRJ), Matheus Midon (engenharia ambiental/UFpel) e Alessandra Miranda (engenharia ambiental/Ufrgs).
O projeto de pesquisa militante da UFRJ, intitulado “Sobre a cidade cooperativa: agriculturas e redes agroecológicas na metrópole”, é coordenado pela professora Luciana Lago do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (NIDES/UFRJ) e era focado, inicialmente, nas experiências populares de agroecologia na metrópole do Rio de Janeiro.
Grupo Gestor busca ampliar as cadeias produtivas
Conforme Sandra, o Grupo Gestor das Hortas e Frutas Ecológicas foi criado em 2008 com o objetivo de ampliar as cadeias produtivas agroecológicas da região e da Cootap, seguindo a estratégia organizativa do Grupo Gestor do Arroz Ecológico.
No entanto, lembra, que a produção de hortaliças orgânicas nos Assentamentos de Reforma Agrária na Região Metropolitana de Porto Alegre iniciou anos antes, no final da década de 1990, com pequenas experiências envolvendo cerca de 20 famílias nos assentamentos Itapuí, Capela e Irga.
:: O exército de Ana Maria Primavesi ::
“Com a expansão dos assentamentos e número de famílias assentadas na metropolitana e a consequente ampliação das áreas de hortaliças e frutas, houve a necessidade de organização de uma instância coletiva de discussão e trabalho por um modelo de produção agroecológico, diversificado e que garantisse o autossustento, mas também a comercialização”, recorda Sandra.
Entre os anos de 2010 e 2016, o GG das Hortas e Frutas Ecológicas contou com forte estímulo organizativo, através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Envolvendo neste período cerca de 400 famílias, destinou mais de 1,9 toneladas de alimentos, como aipim, moranga, alface, beterraba, cenoura, berinjela, couve, entre outros, beneficiando cerca de 7.104 famílias em situação de insegurança alimentar, totalizando 27.546 pessoas de vários municípios da região metropolitana.”
Atualmente, com a perspectiva de retomada do PAA, o GG das Hortas e Frutas Ecológicas está se organizando para ampliar a sua atuação envolvendo mais famílias e formando novos grupos para certificação orgânica pela OPAC/Coceargs.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira