O presidente Luiz Inácio Lula da Silva completa 78 anos nesta sexta-feira (27) como símbolo político no Brasil e no mundo. Nascido em 1945, no município pernambucano de Garanhuns, é a nona vez que ele ele celebra a data como presidente da República.
Como tradicionalmente ocorreu nas outras ocasiões em que aniversariou no cargo, Lula recebeu homenagens em frente ao Palácio do Alvorada e também foi lembrado nas redes sociais. As expressões #LulaDay e #ParabénsPresidenteLula ficaram entre os assuntos mais comentados na internet.
O BdF compilou algumas curiosidades e fatos sobre a data, que ao longo da trajetória de Lula foi marcada também por acontecimentos históricos para o país.
Duas datas
A discussão sempre reaparece, afinal, qual é a data de aniversário de Lula, dia 6 ou 27 de outubro? Como muitas crianças que nasceram na época, o presidente tem uma data de registro diferente da data de nascimento. Isso porque o acesso aos cartórios era difícil e, para a maior parte das famílias que viviam no interior do país, a oficialização do nascimento só era realizada depois. Ele nasceu em Vargem Comprida, no interior de Pernambuco – na época um distrito do município de Garanhuns, em 1945, mas foi registrado apenas na cidade de Santos, litoral do estado de São Paulo, para onde ele migrou aos sete anos de idade.
Por uma confusão no cartório, a data acabou saindo errada. A história foi contada por Frei Chico, o irmão mais velho do presidente Frei Chico, em entrevista ao Boletim Lula Livre, no ano de 2019.
“Um dia minha mãe foi ao cartório em Santos registrar os filhos. Levou anotado todos as datas e os nomes. Mas acredito que ficou intimidada pela atitude da escrivã, que sugeriu mudar o nome da minha irmã, ali, na hora de Sebastiana para a Ruth, seu próprio nome [neste momento Frei Chico ri] em sua “homenagem”, e ela acabou se atrapalhando com tantas datas.”
Paulista e Pernambucano
Além de ter sido registrado oficialmente no estado de São Paulo, Lula também recebeu o título de Cidadão Paulistano, em 2012, da Câmara Municipal da cidade. O presidente passou parte da vida na capital paulista e no ABC, na região metropolitana.
Foi na região que Lula desenvolveu sua trajetória política como sindicalista e liderança política. Quando recebeu a honraria, ele ressaltou a importância da cidade nessa jornada, "Nasci metade em Garanhuns e metade em São Paulo", disse ele.
O presente de 2002
O aniversário de 2002 de Lula também foi marcado pela primeira vitória dele para a presidência da República. Ele ganhou a eleição no mesmo dia em que completou 57 anos. Coincidentemente, o primeiro turno havia ocorrido na data do aniversário de registro do presidente, 6 de outubro.
Depois disso (e contando com este ano), ele já passou o aniversário à frente da presidência nove vezes.
Aniversários no cárcere
Lula passou o aniversário preso duas vezes, em 2018 e 2019. Nas duas ocasiões apoiadores e apoiadoras estavam do lado de fora da Superintendência da Polícia Federal para prestar homenagens e apoio ao presidente.
No ano de 2019, quando ele já estava preso havia mais de 500 dias, o acampamento Lula Livre promoveu uma festa no local que reuniu uma multidão. Na ocasião, Lula deu uma entrevista exclusiva para o Brasil de Fato, se emocionou ao falar da vigília que acompanhou o período de prisão e pediu um presente à população.
“Eu estou triste por estar aqui, mas feliz por ter tantos amigos do lado de fora. Peço às pessoas que não deixem destruir o país."
Companheiro de efeméride
Lula faz aniversário na mesma data que o escritor brasileiro Graciliano Ramos. Ele nasceu em 27 de outubro de 1892, em Quebrangulo, estado de Alagoas. O romancista também viveu no interior do Nordeste em parte da vida e o contato com essa realidade pautou sua postura artística e política.
Autor de Vidas Secas, um clássico da literatura brasileira lançado em 1938, Graciliano Ramos narrou a pobreza e a fome de maneira revolucionária para o período. Assim como o presidente Lula, foi preso político, acusado de apoiar a Intentona Comunista. Ingressou no Partido Comunista na década de 1940.
Em um trecho de Vidas Secas, expressa de maneira única e angustiante o impacto da desigualdade, “Olhou a caatinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta verde. Arrepiou-se. Chegaria, naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. E antes de se entender, antes de nascer, sucedera o mesmo - anos bons misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar.”
Edição: Rodrigo Durão Coelho