É essa ideia de 'vamos despolitizar o futebol', como se ele pudesse existir suspenso da sociedade
Embora ainda sejam minoria nas famosas "mesas redondas" e demais espaços de debate sobre futebol na mídia, as mulheres têm conquistado mais espaço aos poucos. E a jornalista Milly Lacombe é uma das pioneiras nesse meio. Convidada desta semana do Brasil de Fato Entrevista, ela reforçou que a relação entre futebol e política é íntima.
"Política e futebol não se separam. Nunca se separaram, mesmo que alguém tente cortar com uma faca. Futebol é político desde o começo", apontou. "A escolha do patrocinador, a escolha do uniforme, a escolha do time pro qual você vai torcer, a maneira como você comemora o gol, os jogos que você decide ver, que você decide não ver, os jogadores que você toma como ídolo: tudo isso é decisão política".
Atualmente colunista do portal Uol, ela fala sobre diversos aspectos do esporte mais popular do Brasil, dentro e fora de campo. Temas como machismo, racismo, homofobia e os negócios do esporte fazem parte das análises que ela faz cotidianamente.
Corintiana declarada, Milly se colocou contra a chegada do treinador Cuca, que passou menos de uma semana no comando do time masculino do clube em abril deste ano. Também teve posicionamentos contundentes sobre o caso de estupro envolvendo o ex-jogador Robinho.
"O futebol é um reflexo da sociedade, então essa ideia de 'vamos despolitizar o futebol', como se ele pudesse existir suspenso da sociedade, é muito forte. 'Ah, não vou falar de política', o cara é condenado por estupro, 'mas gente ele é um excelente treinador, traz ele aí'", apontou durante a entrevista ao jornalista José Eduardo Bernardes.
Confira a entrevista:
Edição: Thalita Pires