O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez um pronunciamento na última segunda-feira (6) no qual afirmou que agora não é o momento para se falar em eleições presidenciais no país.
O líder ucraniano observou que, em tempos de guerra, existem "muitos desafios", e por isso, segundo ele, "é absolutamente irresponsável lançar o tema das eleições na sociedade". Zelensky também destacou que espera de todas as estruturas e autoridades "respostas específicas sobre as tarefas que existem objetivamente perante o nosso Estado".
"Devemos determinar que agora é a hora da defesa, a hora da batalha da qual depende o destino do Estado e do povo, e não a hora de demandas que só a Rússia espera da Ucrânia. Acredito que agora não é hora para eleições. Se é preciso acabar com esta ou aquela disputa política e continuar a trabalhar em unidade, então o Estado tem estruturas que podem acabar com isso e dar à sociedade todas as respostas necessárias. Para que não haja espaço para conflitos e para o jogo de outra pessoa contra a Ucrânia", disse Zelensky.
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O pronunciamento contraria a declaração do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba que, na última sexta-feira (3), havia dito que Zelensky estava considerando a possibilidade de realizar eleições presidenciais no país no segundo semestre de 2024.
De acordo com a Constituição ucraniana, a realização de eleições é proibida pela lei marcial, que está em vigor desde o início da guerra iniciada pela Rússia e foi estendida até 15 de novembro.
No final de agosto, Zelensky disse que não queria dar a impressão de que estava "agarrando-se" ao poder. Segundo ele, além dos combates, a situação é complicada pelo fato de que são necessários fundos para as eleições. O presidente ucraniano destacou que, em tempos de paz, são necessários US$ 5 bilhões para as eleições, e os observadores teriam que ir para a linha de frente onde os militares votarão.
Enquanto isso, possíveis adversários de Zelensky já começaram a se movimentar. Em particular, na semana passada o ex-conselheiro do chefe de gabinete do presidente ucraniano, Aleksey Arestovich, declarou que planeja concorrer à presidência e, em seu programa político, promete alcançar a paz com a Rússia.
Sendo o único político que fala abertamente em disputar as eleições e concorrer contra Zelensky, Arestovich afirma que exigiria dos países ocidentais que aceitassem a entrada da Ucrânia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) dentro das fronteiras que as autoridades ucranianas irão controlar no momento da adesão. Ao mesmo tempo, segundo ele, se vencer as eleições, Kiev irá se comprometer a não recapturar os territórios ocupados pela Rússia militarmente, mas buscará retomar as regiões apenas através de meios políticos.
O ex-membro do gabinete de Zelensky afirma também que o sistema governamental ucraniano atingiu o limite da sua competência e que a sua política interna, externa e militar estão "matando a Ucrânia".
Edição: Leandro Melito