A passagem humanitária pela cidade de Rafah, que fica no sul da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito, tem sido marcada por instabilidades logísticas e diplomáticas. Ambas dificultam a saída de cidadãos que querem fugir da zona de guerra, bombardeada incessantemente por Israel há mais de um mês.
A passagem, que já havia sido fechada no último fim de semana após um ataque do Exército de Israel a uma ambulância, foi novamente interrompida nesta quarta-feira (8) por causa de uma “circunstância de segurança” não explicada.“Nossa compreensão é que, dada uma circunstância de segurança, a passagem de Rafah permanece fechada hoje [quarta]”, disse Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, em uma entrevista coletiva.
O posto de controle na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito é a única via para saída de palestinos e estrangeiros do território sob ataque de Israel, que cerca o restante dos acessos terrestres e marítimos da área. Quando a passagem foi reaberta, no início desta semana, o fluxo de pessoas saindo de Gaza aumentou.
Apenas na terça (7), foram pelo menos 500 pessoas, a maioria estrangeiros ou cidadãos com dupla nacionalidade. Só da Jordânia, saíram 262. Do Canadá, 59. Além de romenos, alemães, ucranianos, filipinos, franceses, entre outros. Dos Estados Unidos, mais de 400 cidadãos, entre residentes permanentes de Gaza e familiares, deixaram o território desde a semana passada.
Mas os 34 brasileiros seguem sem poder sair de Gaza, assim como pessoas de outras nacionalidades. Segundo a emissora Al Jazeera, Israel poderia estar boicotando cidadãos de países que cobraram cessar-fogo em Gaza, caso do Brasil, África do Sul e Irlanda. E estaria dando prioridade a pedidos de saída de pessoas oriundas de países considerados “amigáveis”.
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A África do Sul anunciou nesta semana que vai convocar todos os seus diplomatas em Israel para “sinalizar” sua preocupação com a situação em Gaza. “Estamos profundamente preocupados com o assassinato contínuo de crianças e civis inocentes nos territórios palestinos e achamos que a natureza da resposta de Israel se tornou uma punição coletiva”, disse a ministra do Exterior, Naledi Pandor, numa entrevista coletiva.
Consultado pelo reportagem do Brasil de Fato, o Itamaraty informou que continua “trabalhando por uma solução”.
Desde o ataque do Hamas que provocou 1.400 mortes, segundo autoridades de Israel, o número de mortos do lado palestino já passou de 10 mil, sendo que mais de 4 mil são crianças, afirma o Ministério da Saúde de Gaza.
Com informações da Reuters, Al Jazeera e Folha de S.Paulo.
Edição: Leandro Melito