Relatório anual da Organização Meteorológica Mundial (OMM) - agência da Organização das Nações Unidas (ONU) - indica que os gases de efeito estufa atingiram recordes no ano passado e não há sinal de que o cenário será revertido.
Houve alta nas emissões de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), três dos principais causadores das mudanças climáticas. Em 2022, as emissões de CO2 em todo o planeta chegaram a ser 50% mais altas que os registros pré-industriais pela primeira vez na história.
O Boletim de Gases de Efeito Estufa indica ainda que o CH4 e o N2O tiveram os maiores aumentos já observados. Segundo o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, os resultados impossibilitam as metas estabelecidas pelos acordos internacionais contra o aquecimento global.
“Apesar de décadas de avisos da comunidade científica, milhares de páginas de relatórios e dezenas de conferências climáticas, ainda estamos indo na direção errada. O nível atual de concentrações de gases de efeito estufa nos coloca no caminho de um aumento de temperaturas bem acima das metas do Acordo de Paris até o final deste século.”
As metas do acordo foram definidas em 2015 e definem esforços internacionais para que o aumento da temperatura global seja inferior a 2 graus em relação ao período pré-industrial.
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Ainda de acordo com Taalas, Mudanças climáticas: o que são e o que esperar para o futuro?, como ondas de calor, tempestades violentas, derretimento de gelo, aumento do nível do mar e acidificação do oceano. “Os custos socioeconômicos e ambientais vão disparar. Devemos reduzir o consumo de combustíveis fósseis com urgência", alertou ele.
O CO2, responsável por cerca de 60% do efeito estufa, é gerado pela queima de carvão mineral, petróleo e gases naturais. Isso inclui atividades de produção de energia para transportes, construções e eletricidade, assim como da agropecuária e das indústrias. As mudanças no uso do solo e o despejo de resíduos nas águas também contribuem.
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Metade dessas emissões se acumulam na atmosfera terrestre e aumentam a temperatura global. Ele tem vida útil longa e permanece no ar por décadas. O resultado atual, portanto, continuará prejudicando o planeta no futuro, com o agravante de que se somará às novas emissões. Cerca de um quarto do CO2 é absorvido pelo oceano e menos de 30% pelos ecossistemas que ainda estão de pé.
A queima de combustíveis fósseis também está entre as principais causadoras das emissões de metano. No caso do óxido nitroso, a agricultura intensiva é a grande vilã. Todos esses gases têm efeitos na camada de Ozônio que mudam consideravelmente as condições meteorológicas do planeta.
Segundo a OMM, a última vez que a Terra passou por uma concentração comparável de CO2 na atmosfera ocorreu entre 3 milhões e 5 milhões de anos atrás. Pesquisas indicam que, na ocasião, o planeta era cerca de 2 graus mais quente que agora e o nível do mar era até 20 metros mais alto.
Assista a divulgação na íntegra abaixo:
Edição: Rodrigo Durão Coelho