"O caminho ainda está na metade", afirma a jornalista Milly Lacombe sobre a evolução do futebol feminino. Comentarista esportiva há anos, a especialista celebra que nas últimas décadas a modalidade ganhou muito apoio popular e disputa espaço em locais como a TV aberta.
No entanto, ela lembra que essa visibilidade “não foi a benevolência de quem está no poder, foi luta atrás de luta, atrás de luta. Mulheres apanhando por tarem jogando bola, mulheres sendo excluídas, mulheres recebendo estupro corretivo, porque estavam fazendo coisas que não é uma mulher que deveria fazer para serem colocadas no seu lugar”, afirma em entrevista ao Bem Viver desta quinta-feira (16).
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“Tem uma história de violência por trás do sucesso do futebol feminino, sabe? Então eu sei que tem muita coisa para melhorar, investimentos, patrocínios, visibilidade, falta de preconceito, derrubar preconceitos, mas a gente já chegou longe demais, sabe? A gente está no metade do caminho, mas você ainda falta muita coisa.”
Atualmente colunista do portal Uol, Lacombe fala sobre diversos aspectos do esporte mais popular do Brasil, dentro e fora de campo. Temas como machismo, racismo, homofobia e os negócios do esporte fazem parte das análises que ela faz cotidianamente.
"Política e futebol não se separam. Nunca se separaram, mesmo que alguém tente cortar com uma faca. Futebol é político desde o começo", apontou. "A escolha do patrocinador, a escolha do uniforme, a escolha do time pro qual você vai torcer, a maneira como você comemora o gol, os jogos que você decide ver, que você decide não ver, os jogadores que você toma como ídolo: tudo isso é decisão política".
Corintiana declarada, Milly se colocou contra a chegada do treinador Cuca, que passou menos de uma semana no comando do time masculino do clube em abril deste ano. Também teve posicionamentos contundentes sobre o caso de estupro envolvendo o ex-jogador Robinho.
"O futebol é um reflexo da sociedade, então essa ideia de 'vamos despolitizar o futebol', como se ele pudesse existir suspenso da sociedade, é muito forte. 'Ah, não vou falar de política', o cara é condenado por estupro, 'mas gente ele é um excelente treinador, traz ele aí'", apontou durante a entrevista ao jornalista José Eduardo Bernardes.
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Edição: Lucas Weber
