Em comunicado oficial, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, confirmou que 31 bebês prematuros “muito doentes” foram transferidos do hospital Al-Shifa, localizado em Gaza, cinco dias após Israel realizar uma operação militar dentro do centro médico.
Segundo Adhanom, a ação foi realizado "sob condições de segurança extremamente intensas e de alto risco" e agradeceu a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PCRS, na sigla em inglês) pela colaboração.
“Estamos profundamente comovidos e impressionados com a extraordinária coragem e serviço dos profissionais de saúde em Gaza, que continuam a servir nas circunstâncias mais terríveis e difíceis”, escreveu o diretor-geral, anunciando que os bebês foram levados para a maternidade de Al-Helal Al-Emairat, em Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, na fronteira com Egito
A retirada envolveu seis profissionais de saúde e 10 familiares, além de seis ambulâncias.
'Pacientes gritam'
O hospital Al-Shifa foi invadido por tropas israelenses na última terça-feira (14). A ação aconteceu sob alegações de que o local seria uma base secreta do Hamas com túneis subterrâneos, o que Israel até hoje não conseguiu provar.
Desde sábado (18), pacientes começaram a ser transferidos do hospital.
Logo após a operação de terça, autoridades em Gaza disseram que havia cerca de 650 pacientes presos no hospital, e cerca de 7 mil civis deslocados.
Á BBC, o diretor do hospital, Muhammad Abu Salima, pediu ajuda para a retirada das centenas de doentes que ainda estão presos no hospital, que não tem água nem eletricidade.
"O hospital, agora, é uma casa fantasma no sentido literal da palavra. Cadáveres estão espalhados no pronto-socorro, pacientes gritam, a equipe médica está bastante indefesa, enquanto o Exército anda livremente pelo hospital", afirmou.
Acordo de paz?
Na noite deste sábado (18) o jornal estadunidense The Washington Post publicou uma reportagem afirmando que havia um acordo costurado pelos EUA para uma pausa de cinco dias no ataque militar israelense ao território palestino de Gaza .
No entanto, no domingo (19), a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, negou a informação.
“Ainda não havia acordo, mas continuamos a trabalhar duro para conseguir”, escreveu nas redes sociais.
:: 'Do rio ao mar, Palestina vencerá!': ato junto ao consulado de Israel pede fim do massacre em Gaza ::
O conflito tem sido marcado por uma série de informações falsas disparadas por autoridades e veículos de imprensa.
Dias após o ataque do Hamas, em 7 de outubro, Israel afirmou que o grupo teria decapitado bebês. Horas depois, a informação foi desmentida pelo próprio governo. No entanto, neste intervalo de tempo, jornais do mundo inteiro repercutiram a fala israelense, mesmo tendo sido apresentada sem provas.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 12 mil pessoas já morreram, sendo, pelo menos, 5 mil crianças, desde o ataque do Hamas contra Israel.
A ofensiva é considerada a maior operação já realizada pelo grupo, invadindo o território israelense e causando a morte de 1,4 mil pessoas, além de fazer cerca de 200 reféns. A resposta israelense vem sendo brutal, com bombardeios constantes que já causaram a morte de milhares de palestinos, além de cortar o fornecimento de água e luz, medidas consideradas desproporcionais, criticadas e rotuladas de "massacre" e "genocídio" por vários organismos internacionais.
Edição: Rodrigo Durão Coelho