O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saudou nesta quarta-feira (22), o acordo anunciado entre Israel e Hamas que envolve a liberação de 50 reféns, mulheres e crianças, em troca de um cessar-fogo de quatro dias. Confirmado na terça-feira, o acordo deve entrar em vigor a partir de quinta-feira (23).
“Espero que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura para este conflito e para a retomada do processo de paz entre Israel e Palestina”, disse Lula, durante a Cúpula Virtual do G20, que marcou o fim da presidência da Índia do bloco. A partir de 1º de dezembro, o Brasil assume a liderança do G20, grupo que reúne 19 das maiores economias do mundo e a União Europeia.
Em seu discurso, o presidente brasileiro destacou o papel do G20 na busca por processos de paz a nível global. “Por meio do diálogo, temos de recolocar o mundo no caminho da paz e da prosperidade. O G20 tem um papel central a cumprir”, disse Lula.
África do Sul
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, também saudou o acordo em comunicado divulgado nesta quarta (22). "Espero que a realização desta pausa fortaleça os esforços para alcançar o fim completo do atual conflito", disse Ramaphosa.
"O povo da Palestina, Israel e as nações da região devem trabalhar em conjunto com a comunidade internacional para consolidar os direitos, a paz e o desenvolvimento sustentável do povo palestiniano como parte da solução de dois Estados apoiada multilateralmente", acrescentou.
O Congresso da África do Sul, aprovou nesta terça-feira (21) uma proposta para fechar a embaixada do país em Israel e romper relações diplomáticas.
A moção apresentada pelo partido governista Congresso Nacional Africano que pede também a suspensão de todas as relações diplomáticas até que seja alcançado um cessar-fogo, foi aprovada por 248 votos a favor e 91 votos contra. Para entrar em vigor, a medida precisa ser sancionada pelo governo de Cyril Ramaphosa.
Ao anunciar o cessar-fogo temporário nesta terça, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, disse que a guerra não vai parar e que os ataques israelenses serão retomados após o período de quatro dias previsto no acordo.
"Gostaria de deixar claro que estamos em guerra e continuaremos a guerra até alcançarmos todos os nossos objetivos - eliminar o Hamas, recuperar todos os reféns e desaparecidos e garantir que não haverá ameaça a Israel em Gaza", disse o primeiro-ministro israelense ao jornal Haaretz.
Contexto
O cerne da questão árabe-israelense é a forma como o Estado de Israel foi criado, em 1948, com inúmeros pontos não resolvidos, como a esperada criação de um Estado árabe na região da Palestina, o confisco de terras e a expulsão de palestinos que se tornaram refugiados nos países vizinhos.
A decisão pela criação dos dois estados foi tomada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e aconteceu sem a concordância de diversos países árabes, gerando ainda mais conflitos na região.
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Ao longo das décadas seguintes, a ocupação israelense nos territórios palestinos – apoiada pelos EUA – foi se tornando mais dura, o que estimulou a criação de movimentos de resistência. Foram inúmeras tentativas frustradas de acordos de paz e, na década de 1990, se chegou ao Tratado de Oslo, no qual Israel e a Organização para Libertação da Palestina se reconheciam e previam o fim da ocupação militar israelense.
O acordo encontrou oposição de setores em Israel – que chegaram a matar o então premiê do país – e de grupos palestinos, como o Hamas, que iniciou sua campanha com homens-bomba. Após a saída militar israelense das terras ocupadas em Gaza, ocorreu a primeira eleição palestina, vencida pelo Hamas (2006), mas não reconhecida internacionalmente. No ano seguinte, o Hamas expulsou os moderados do grupo Fatah de Gaza e dominou a região.
Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou sua maior operação até então, invadindo o território israelense e causando o maior número de mortes da história do país, 1,4 mil, além de fazer cerca de 200 reféns. A resposta israelense vem sendo brutal, com bombardeios constantes que já causaram a morte de milhares de palestinos, além de cortar o fornecimento de água e luz, medidas consideradas desproporcionais, criticadas e rotuladas de "massacre" e "genocídio" por vários organismos internacionais.
*Com informações da Agência Brasil e Diário de Notícias
Edição: Leandro Melito