Patricia Bullrich, cujo apoio parece ter sido decisivo para a vitória de Javier Milei na eleição argentina, já garantiu seu cargo no governo que começa em 10 de dezembro. Ela será ministra da Segurança, função que já ocupou em gestões passadas, segundo fontes da coalizão governista A Liberdade Avança informaram à imprensa argentina.
Bullrich, que foi a candidata do grupo político macrista — ligado ao ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) — derrotada no primeiro turno, apoiou publicamente Milei no segundo turno contra o peronista Sergio Massa. O ultraliberal venceu com 14,4 milhões de votos, ou seja, 6,4 milhões a mais que no primeiro turno, praticamente a mesma quantidade de votos de Bullrich: 6,2 milhões.
Colocar ordem no país foi um dos motes de campanha da futura ministra, indicando que poderia reforçar a repressão aos protestos de rua, que podem se intensificar caso o programa de ajuste de Milei para enfrentar a crise econômica provoque ainda mais desemprego e pobreza.
Enquanto Milei monta seu gabinete, um debate de fundo é sobre nomear pessoas afins às propostas ultraliberais e polêmicas de sua campanha, como dolarizar a economia e fechar o Banco Central, ou mais ligadas à política tradicional, ao grupo de Macri, àquilo que o presidente eleito rotulava pejorativamente como “casta”, em busca de governabilidade.
Bullrich, uma das líderes da coalizão de centro-direita Juntos pela Mudança, principal força de oposição ao peronismo até a ascensão de Milei, faz parte do segundo grupo. E outros nomes nessa linha podem ganhar lugar de destaque na gestão Milei.
Segundo a imprensa argentina, o nome mais cotado para a Economia é Luis Caputo, especialista em finanças que trabalhou no governo Macri. Essa possibilidade provocou a desistência de Emilio Ocampo, autor do plano de dolarização do programa de Milei e que deveria assumir a chefia do Banco Central, com a tarefa de encaminhar seu fechamento, caso Milei seguisse à risca as ideias que fizeram dele um candidato competitivo.
Outro item de seu programa liberalizante é a diminuição do papel do Estado na gestão pública, que passa pela privatização de empresas — Milei já sugeriu alguns nomes, entre eles o da estatal petrolífera YPF — e o enxugamento da estrutura do governo — ele pretende trabalhar com apenas oito ministérios, eliminando ou fundindo dez pastas existentes hoje, como Cultura e Mulheres. A maioria dos ministros já está definida.
Saiba mais sobre Patricia Bullrich, que começou sua trajetória política como militante peronista, passado este que serviu de pretexto para Milei agredi-la na campanha, ao chamá-la de “assassina” e acusá-la de ter colocado bombas em jardins de infância quando era “montonera” (integrante da luta armada contra a ditadura militar nos anos 1970).
Edição: Leandro Melito