A pausa humanitária no massacre de Israel na Faixa de Gaza que teve início na última sexta-feira foi ampliada nesta segunda-feira (27) para outros dois dias, valendo até a quarta (29). Até a última madrugada, 58 reféns israelenses já haviam sido libertados pelo Hamas, enquanto 117 palestinos foram soltos por Israel.
Existe a expectativa de que mais palestinos e reféns israelenses sejam libertados até o meio ou fim desta semana. Para fazer um balanço destes dias de trégua, o programa Central do Brasil desta segunda-feira (27/11) conversou com Arlene Clemesha, professora de história árabe da Universidade de São Paulo (USP).
Na visão de Clemesha, é difícil avaliar se a trégua tem potencial para mudar os rumos do conflito. “Houveram violações, o número esperado de caminhões de ajuda humanitária não ingressou logo de início na faixa de Gaza, Israel não autorizou esse ingresso, o que deixou o Hamas bastante contrariado, houve um atraso na liberação dos reféns do segundo dia, o que também atrasou a liberação dos prisioneiros palestinos. Dois palestinos foram baleados e mortos pelo exército israelense quando tentavam ir para o norte da faixa de Gaza para reaver pertences.”
Ainda assim, ela afirma que para Israel a trégua também é interessante na medida em que ela mostrou ser necessária para reorganizar a ofensiva. “Existem razões militares que estão sendo atendidas por trás de toda essa troca de reféns e elas estão atreladas ao fato de que Israel já declarou desde o início que isso é uma pausa, que pretende voltar com a ofensiva assim que terminar essa pausa humanitária. A gente espera que na compreensão, inclusive da opinião pública mundial, isso possa virar de fato uma trégua e não só uma pausa humanitária.”
Chamou a atenção os vídeos de libertação dos reféns pelo Hamas, eles mostram essas pessoas numa boa condição, até interagindo com os integrantes do grupo. Por outro lado, Israel tem evitado as coletivas com os reféns libertados desde o episódio daquela senhora que foi solta e disse que foi bem tratada.
Nesse sentido, Arlene Clemesha destaca que Israel trava uma propaganda de guerra contra o Hamas. “Essas pessoas em princípio não foram maltratadas, dá até para para crer que elas tivessem mais amparadas do que grande parte da população da Faixa de Gaza, isso se chocou contra a propaganda de guerra de Israel, porque era necessário para a opinião pública israelense acreditar que eles estavam lutando contra um inimigo cruel e implacável.”
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Edição: Rodrigo Durão Coelho