Levantamento publicado nesta quarta-feira (29) pela ONG SOS Mata Atlântica revela uma queda de 59% do desmatamento no bioma entre janeiro e agosto de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior, o que "reforça a tendência de redução significativa no desflorestamento", segundo a organização.
A área desmatada nos oito primeiros meses de 2023 é de 9.216 hectares. O cálculo foi feito a partir da área de Mata Atlântica delimitada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019. No mesmo período em 2022 – último ano de governo de Jair Bolsonaro (PL) – foram 22.240 hectares. Os dados na íntegra podem ser acessados neste link.
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De acordo com o levantamento, houve queda em todos os 15 estados que têm áreas de Mata Atlântica em seus territórios, de acordo com a classificação do IBGE. Santa Catarina e Paraná, que geralmente têm altos índices de desflorestamento, registraram as quedas mais acentuadas: 64% e 66%, respectivamente.
Ponto de atenção
Os dados foram confirmados a partir de uma parceria da SOS Mata Atlântica com a Arcplan e o MapBiomas. As entidades, entretanto, fazem um alerta: se levada em conta a área de aplicação da Lei da Mata Atlântica, que inclui áreas entre a Caatinga e o Cerrado, essa diminuição foi substancialmente menor: 26%.
Isso tem reflexo, por exemplo, no Piauí. Segundo a classificação do IBGE, o estado não tem área de Mata Atlântica. Entretanto, tem alguns encraves, como são chamados territórios em meio a outros biomas. E, nessas áreas, houve um aumento de 148% no desmatamento entre os oito primeiros meses de 2023, na comparação com o mesmo período de 2022.
"A Lei da Mata Atlântica é aplicada sobre remanescentes florestais dentro dos Biomas Caatinga e Cerrado. No Piauí e Ceará, por exemplo, toda a Mata Atlântica está em encraves e há áreas muito relevantes na mesma situação em Minas Gerais, na Bahia e no Mato Grosso do Sul", explica Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas.
Nos encraves florestais protegidos por lei em meio ao Cerrado e à Caatinga, o desmatamento subiu 123% e 13%, respectivamente. A SOS Mata Atlântica aponta que esses números são relevantes, e demandam respostas do poder público.
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“Às vésperas da COP28 as atenções do país e do mundo estão focadas no combate ao desmatamento. Mesmo assim, a situação na fronteira do bioma com a Caatinga e o Cerrado é preocupante. E isso interfere nos encraves, mesmo que também sejam protegidos pela Lei da Mata Atlântica. Precisamos mudar esse cenário com urgência ”, afirma o diretor da organização, Luís Fernando Guedes Pinto.
Edição: Rebeca Cavalcante