BOLA PRA TRÁS

Argentina vai ficar fora do Brics, anuncia futura chanceler do governo Milei

'Para entrar, é preciso fazer um aporte de capital e não estamos em condições de fazê-lo', disse Diana Mondino

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Milei, que viajou para os Estados Unidos antes mesmo da posse, sempre deixou claro que blocos multilaterais como o Brics não são prioridade - Juan Mabromata/AFP - 29/11/2023

A diplomata argentina Diana Mondino, nomeada como futura chanceler do país quando se inicie o governo de Javier Milei, afirmou que o país não ingressará no Brics, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Em uma entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (30), ela havia colocado em dúvida o ingresso da Argentina no bloco. Perguntada sobre o tema, Mondino afirmou que "entendo que fomos convidados a participar do Brics, mas não aceitamos formalmente".

Em seguida, a escolhida para chefiar a diplomacia durante a gestão de Milei acrescentou que "para entrar é preciso fazer um aporte de capital e a Argentina não tem condições de fazê-lo".

Horas depois, em suas redes sociais, Mondino publicou uma mensagem mais explícita, dizendo que "não ingressaremos no Brics".

A Argentina foi anunciada como um dos novos membros do chamado Brics+ em agosto passado, durante a cúpula do bloco realizada em Johanesburgo, na África do Sul. Além do país sul-americano, foram aceitos outros cinco novos sócios: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã.

No entanto, a formalização dessa ampliação do bloco está marcada para acontecer no dia 1º de janeiro de 2024. Milei tomará posse como presidente da Argentina no dia 10 de dezembro, portanto, caberá a ele decidir se assinará o ingresso formal do país, ou se prefere retroceder.

A postulação para o ingresso da Argentina no Brics foi uma iniciativa do atual presidente, Alberto Fernández. Após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Brasil, em 2023, o governo brasileiro passou a apoiar fortemente essa opção.

Durante sua campanha eleitoral, Milei fez duras declarações contra o Brasil e contra China, dois dos membros fundadores do Brics, e atacou também os seus respectivos presidentes, Lula e Xi Jinping, chegando inclusive a prometer cortar relações com ambas as nações, que são os maiores parceiros comerciais de Buenos Aires na atualidade.

Após a vitória nas urnas, seu discurso mudou de tom. O presidente eleito chegou a elogiar o mandatário chinês em uma entrevista a um canal local e enviou Mondino a uma visita relâmpago a Brasília no último domingo (26) para pacificar as relações com o governo brasileiro. O encontro serviu, inclusive, para a entrega de um convite formal para que Lula compareça à posse de Milei na Casa Rosada.