Nesta segunda-feira (4), o presidente cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez e seu colega iraniano, aiatolá Seyed Ebrahim Raisi, pediram a criação de "uma coalizão de países semelhantes para proteger os direitos do povo palestino".
Trata-se da primeira visita de um presidente cubano à República Islâmica do Irã desde a viagem de Fidel Castro em 2001. A delegação oficial liderada pelo presidente Díaz-Canel chegou a Teerã após participar da Cúpula do Clima COP 28 na cidade de Dubai, nos Emirados Árabes, e depois visitar o Catar.
Em coletiva de imprensa com a presença dos dois líderes, Raisi disse que esse foi "um ponto de inflexão histórico nas relações entre os dois países".
"O ilustre presidente de Cuba e eu concordamos que uma coalizão deve ser criada com a participação de países aliados para apoiar o povo palestino oprimido em diferentes continentes", disse Raisi.
Sanções dos EUA
De acordo com informações de ambos os países, durante a reunião foram discutidas questões relacionadas às sanções econômicas impostas aos dois países pelos Estados Unidos. Sete memorandos de entendimento também foram assinados em setores como ciência, energia, telecomunicações e biotecnologia.
A reunião entre os dois líderes ocorreu depois que o Departamento de Estado dos EUA publicou sua lista anual de "países patrocinadores do terrorismo" na quinta-feira (30). Um relatório do órgão executivo responsável pelas relações internacionais é apresentado anualmente ao Congresso dos EUA que serve como base para a formulação de políticas externas e como base legal para sanções unilaterais que Washington implementa contra outros países.
Tanto Cuba como a República Islâmica do Irã estão na lista de Washington de "países que promovem o terrorismo".
Durante a coletiva de imprensa, o mandatário cubano Díaz-Canel afirmou que Teerã e Havana elaboraram uma estratégia de "economia de resistência" para enfrentar "as sanções injustas com as quais o imperialismo ataca nossos povos".
"Ratificamos a convicção de que, com essa estratégia, vamos desferir um duro golpe contra a agressão imperialista, as sanções e os bloqueios", disse o presidente cubano.
"Os estadunidenses acreditam que, ao impor sanções, podem parar nossos países ou nos forçar a nos render. Isso não é verdade", disse o presidente da República Islâmica do Irã. "Para enfrentar essas sanções, vamos aumentar o intercâmbio de nossas capacidades e potencialidades".
Palestina
A sugestão de Cuba e Irã sobre a coligação internacional pró-palestina foi feita às vésperas da marca de dois meses do início do intenso bombardeio do Estado de Israel contra a população da Faixa de Gaza e da escalada da violência na Cisjordânia.
Até o momento, pelo menos 15.899 palestinos foram assassinados desde 7 de outubro, de acordo com o último cálculo do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza. Estima-se que 70% deles sejam mulheres e crianças.
Após uma breve trégua, que incluiu uma troca de prisioneiros entre o Hamas e Israel, o exército israelense retomou o bombardeio de 14 hospitais em Gaza nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, e prendeu 35 médicos, encabeçados pelo Dr. Mohamed Abu Salmia, diretor geral do complexo médico Al-Shifa.
O contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz do exército israelense, confirmou na segunda-feira (4) que o Estado de Israel expandiu suas operações terrestres para o sul de Gaza, abrindo um novo capítulo na guerra contra o povo palestino.
Durante a coletiva de imprensa, o presidente iraniano se referiu à agressão contra a Faixa de Gaza, enfatizando que "o povo palestino está defendendo sua terra enquanto a ocupação israelense está travando uma guerra de extermínio contra essa nação irmã".
"As Nações Unidas, o Conselho de Segurança (da ONU), a Liga Árabe e outros órgãos de direitos humanos não estão sendo eficazes em paralisar o conflito" e "em parar a máquina de guerra que os Estados Unidos colocaram à disposição de Israel", disse o presidente da República Islâmica do Irã.
Edição: Rodrigo Durão Coelho