CENTRAL DO BRASIL

CPI sobre caso Braskem precisa mirar nos responsáveis e envolver a sociedade, diz ativista

Movimentos populares convocam ato contra a petroquímica e em defesa das vítimas do crime ambiental em Alagoas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Vista aérea do terreno afundado em um terreno no bairro Mutange, em Maceió, Alagoas, Brasil, em 1º de dezembro de 2023. - Robson Barbosa / AFP

Em meio às repercussões do afundamento do solo em curso em Maceió, a ativista Evelyn Gomes, integrante do Observatório Caso Braskem, avalia que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional sobre o caso pode ser um passo importante para a responsabilização da empresa.

Ela ressalta, no entanto, que a investigação precisa envolver setores da sociedade civil e abrir perspectivas sobre novos comportamentos da mineração no Brasil. Além disso, ela teme que a comissão, em Brasília, acabe se transformando numa disputa entre forças políticas de Alagoas. 

"Eu acho que a sociedade civil organizada que tem acesso aos dados precisa estar presente nesta CPI. Essa CPI tem um problema de fundo, que é se transformar numa guerra política no estado. Eu acho que essa CPI precisa mirar em como responsabilizar essa empresa e como achar caminhos para que a mineração não seja tão predatória no Brasil como ela foi aqui em Maceió", apontou. 

Evelyn participou do Central do Brasil desta terça-feira (5) e analisou como tem se dado a mobilização da sociedade contra o crime ambiental da Braskem. Ela também denunciou a insuficiência das indenizações e cobrou que esta compensação respeite as recomendações internacionais. 

"A gente tem um problema: os imóveis aumentaram muito os valores, porque a gente cria uma bolha imobiliária, em que as pessoas começaram a receber indenizações, tinham que se mudar obrigatoriamente de casa. Isso fez com que Maceió fosse a cidade onde, nos últimos anos, mais cresceu o valor dos imóveis", explica. 

"A gente precisa ter certeza que estas pessoas vão ter dignidade e compensação financeira para que elas tenham um estilo de vida melhor ainda, porque elas são pessoas atingidas", analisa a ativista, evidenciando os efeitos e os traumas dessa catástrofe na cidade. "Tem uma carga emocional muito profunda, tem o deslocamento do território que precisa ser pensado. Essa indenizações precisam ser justas e calculadas no nível humano, porque as primeiras indenizações não seguiram um nível humano e das recomendações internacionais", denunciou. 

Nesta quarta-feira (6), movimentos populares realizam, em Maceió, um ato contra a Braskem e em defesa das vítimas deste crime ambiental. A atividade está prevista para iniciar às 07h, com concentração na Avenida Fernandes Lima, em frente ao Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (CEPA), complexo educacional que também é atingido pelo crime da petroquímica.

A entrevista completa está disponível na edição desta terça-feira (5) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

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Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.

Edição: Thalita Pires