As pessoas negras são maioria entre os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, mas, no geral, ganham 61% menos que pessoas brancas empregadas. Além disso, os postos de trabalho informais são ocupados majoritariamente por pessoas de pele negra. Os dados foram revelados nesta quarta-feira (6), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento Síntese de Indicadores Sociais 2023 - Uma análise das condições de vida da população brasileira mostrou que o rendimento-hora da população ocupada branca é de R$ 20, enquanto a população ocupada negra recebe R$ 12,40 por hora, em média. Os números são referentes a 2022 (último ano de governo de Jair Bolsonaro), quando 54,2% dos postos de trabalho no país eram ocupados por pessoas pretas ou pardas, enquanto 44,7% eram ocupados por pessoas brancas.
Ainda segundo o IBGE, pessoas pretas ou pardas ocupavam a grande maioria dos postos de trabalho em atividades com menores rendimentos médios. Nos serviços domésticos, por exemplo, eram 66,4%; na construção, 65,1%; e, na agropecuária, 62%.
Em outro ponto de destaque da pesquisa, o IBGE apontou que 40,9% do total de trabalhadores do país ocupava posições informais. Entre mulheres pretas e pardas, esse percentual subia para 46,8%; entre homens pretos e pardos, 46,6%. Já entre as pessoas brancas, a proporção de trabalhadores na informalidade ficava abaixo da média do país: 34,5% entre as mulheres e 33,3% entre os homens.
"A proporção de trabalhadores em ocupações informais reflete desigualdades historicamente constituídas, como a maior proporção de pessoa de cor ou raça preta ou parda em posições na ocupação de empregados e trabalhadores domésticos, ambos, sem carteira de trabalho assinada, além de trabalhadores por conta própria e empregadores que não contribuem para a previdência social", destacou o IBGE ao apresentar os números.
Diferença entre gêneros
Além do recorte racial, o levantamento apresentado nesta quarta pelo IBGE apontou diferenças importantes entre gêneros. O nível de ocupação dos homens ficou em 63,3%, enquanto entre as mulheres esse índice caiu para 46,4%. A diferença é grande mesmo entre profissionais com ensino superior completo: 84,2% dos homens nessa condição estavam ocupados; contra 73,7% das mulheres.
As pessoas subocupadas (ou seja, que trabalhavam menos de 40 horas semanais, gostariam de trabalhar mais e estavam disponíveis) eram 6,3% da população. A disparidade de raça e gênero fica clara quando comparado o percentual de homens brancos subocupados (3,8%) com o de mulheres negras na mesma condição: 9,4%.
Edição: Rebeca Cavalcante