O presidente russo, Vladimir Putin, visitou dois países em mesmo dia: foi recebido pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) e pela Arábia Saudita nesta quarta-feira (6), e discutiu assuntos como o conflito no Oriente Médio e a cooperação no âmbito da OPEP+.
Em sua primeira parada, o líder russo se encontrou com o presidente dos Emirados Árabes, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, em Abu Dhabi. Durante o encontro, Putin destacou que as relações entre a Rússia e os Emirados Árabes "atingiram um nível sem precedentes".
"Hoje, graças à sua posição, nossas relações atingiram um nível sem precedentes. E estamos em contato constante e nossos colegas trabalham constantemente uns com os outros. E, de fato, os Emirados Árabes Unidos são o principal parceiro comercial da Rússia no mundo árabe", afirmou o líder russo.
Putin lembrou que no ano passado o volume de negócios entre os países aumentou mais de 67%, acrescentando que em 2023 esse número poderá crescer mais. Segundo ele, ambos os países estão implementando projetos no setor do petróleo e do gás e trabalham para criar instalações de produção nos Emirados Árabes e na Rússia.
Além disso, Putin convidou o seu homólogo para a cúpula do Brics, que em 2024 será realizada na cidade russa de Kazan.
Após as negociações em Abu Dhabi, Putin seguiu para Riad, onde se encontrou com o príncipe herdeiro e presidente do Conselho de Ministros da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman Al Saud. Durante o encontro, o presidente russo disse que "nenhuma circunstância interferiria no desenvolvimento de relações amistosas entre os dois países".
"Estando aqui na região, em visita planejada aos Emirados Árabes Unidos, aproveitei o seu convite para vir me comunicar com você e com todos os nossos amigos, com quem temos desenvolvido ativamente nossa interação nos últimos sete anos", destacou Putin.
Ao comentar o encontro, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os dois líderes discutiram o conflito entre Israel e Palestina, mas destacou que ainda não se fala em iniciativas conjuntas de paz mediadas pela Rússia e a Arábia Saudita.
Peskov também disse que Vladimir Putin e Mohammed bin Salman Al Saud discutiram a cooperação dentro da OPEP+. "As partes estão interessadas, as partes concordam que os nossos países têm uma grande responsabilidade pela interação, a fim de manter o mercado energético internacional no nível adequado e num estado estável e previsível. Esta cooperação continuará", completou o porta-voz.
Tanto os EAU quanto a Arábia Saudita não reconhecem a jurisdição do Tribunal Penal Internacional de Haia, que em março emitiu um mandado de prisão contra Putin sob a acusação de crimes de guerra na Ucrânia. Além disso, os dois países tornaram-se os novos membros do grupo Brics.
Em meio aos esforços do Ocidente de isolar a Rússia, as viagens internacionais de Putin são encaradas como uma forma de reforçar um papel de protagonismo no cenário internacional. Nesse contexto, a relação com os países do Oriente Médio ganham uma importância a mais por conta da guerra que Israel promove na Palestina. A Rússia tem buscado desempenhar um papel ativo diante do conflito na região, mantendo contatos com o grupo Hamas e criticando o massacre que Israel realiza em Gaza, fazendo, assim, um contrapeso ao apoio irrestrito dos EUA ao governo de Benjamin Netanyahu.
Edição: Thalita Pires