O espetáculo “Diário de um Órfão” está em cartaz no Rio de Janeiro com apresentações beneficentes na Sala Baden Powell, no Teatro Copacabana, na zona sul, até o dia 10 de dezembro. A peça é uma obra solo poético-musical que aborda os órfãos no Brasil e joga luz sobre a situação de crianças e adolescentes que perderam os pais, principalmente depois da pandemia da covid.
A peça marca os sete anos da Cia Teatro de Afeto e um ano da Ong Nasci para Brilhar. A concepção, dramaturgia e atuação é do diretor da companhia, Saulo Rocha, que ficou órfão de pai e mãe ainda na primeira infância, e que desde a adolescência escreve diários sobre suas memórias, processos artísticos, poemas e músicas.
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“A falta de políticas públicas faz com que essas crianças que vivem em orfanatos ou abrigos sejam ‘jogadas na rua’ após completarem 18 anos, e muitos deles torcem para que os voluntários da ONG, por exemplo, adote antes de chegar na idade de saírem dos espaços”, afirma Saulo.
O projeto teatral conta também com histórias de outras pessoas órfãs e traz questionamentos sociais importantes para que políticas públicas voltadas para estas pessoas sejam implementadas.
Órfãos da covid
O espetáculo tem como um dos princípios a inclusão, principalmente de crianças e adolescentes órfãos, na arte, na cultura, e toda a renda da peça será destinada para ONG Nasci para Brilhar.
A entidade tem projetos que levam arte e cultura para crianças e adolescentes que moram em abrigos, e que, atualmente, atende de forma contínua os 20 moradores da Casa de Acolhimento Frei Carmelo Cox, localizada no bairro de Vila Isabel, zona norte do Rio.
O Brasil tem uma das maiores populações órfãs do mundo, com números que se agravaram após a pandemia. Segundo um levantamento da Organização Imperial College, do Reino Unido, no mundo, são mais de 5 milhões de órfãos menores de idade.
Já o Brasil contabilizou mais de 194 mil novas crianças e adolescentes órfãos somente depois da crise sanitária. Um grande percentual dessas crianças e adolescente tornaram-se órfãos ou por feminicídio ou abandono paterno.
De acordo com Saulo, a peça é uma continuação da sua pesquisa sobre órfãos no Brasil e uma forma de gerar empatia junto ao público sobre esse tema.
“O que notamos é que quase não tem criança branca nos abrigos. São, em sua grande maioria, crianças negras, que perderam a mãe por algum motivo e os pais desaparecem. O feminicídio no Brasil atinge principalmente as mulheres negras e não existem políticas públicas que abracem essas crianças e adolescentes”, lamenta Saulo.
Serviço
Espetáculo Diário de um Órfão
Sextas, sábados e domingos às 19h30
Sala Baden Powell (Rua General Barbosa Lima, 68, Copacabana)
Duração: 55 min
Classificação 14 anos
Ingressos por contribuição voluntária, com retirada no Sympla
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Clívia Mesquita