Neste sábado (9) será dia de celebrar a cultura caiçara e camponesa, na 4ª Festa da Reforma Agrária, no assentamento agroflorestal José Lutzenberger, em Antonina, litoral do Paraná. A festa já é uma tradição na comunidade agroflorestal, reconhecida como parte do Calendário de Eventos Turísticos do Paraná.
A programação começa bem cedo, às 6h, com a Procissão de Bandeira do Divino, e segue ao longo de todo o dia com visita às agroflorestas da comunidade, trilha do mirante, banho no rio Pequeno, que margeia o assentamento, entre outras atividades.
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Muita música e dança estarão garantidas com samba e fandango caiçara. A primeira atração será às 15h, com a Roda das Manas, formada por mulheres e pessoas não binárias do litoral do estado.
A programação segue com a peça de teatro “Brincadeira ou Injeção”, criada e apresentada por Rogério Soares, da Cia. Povaréu de Teatro. É uma história para crianças e adultos, utilizando o formato de contação de história, com bonecos de manipulação direta, músicas e interações com o público. A peça fala de amizade, mau humor e brincadeiras de criança.
O grupo Mandicuera assume o baile a partir das 20h, e promete manter a tradição de amanhecer no ritmo do fandango caiçara. Conhecido no estado pelos bailes de fandango e pela valorização, preservação e desenvolvimento das manifestações culturais dos povos do litoral paranaense, o grupo faz parte da Associação de Cultura Popular da Ilha de Valadares, que é uma das realizadoras da festa.
Procissão da Bandeira do Divino, durante a 3ª edição da festa, em 2022 / Foto: Juliana Barbosa
Comunidade José Lutzenberger
O acampamento é referência de resistência camponesa e caiçara, é formado por cerca de 30 famílias e está localizado em parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, no litoral norte do estado. Antes de ser ocupado pela comunidade, o território era devastado pela pecuária extensiva de búfalo e por crimes ambientais, como o desvio do leito do Rio Pequeno, que atravessa a área.
Desde a ocupação do território, os camponeses iniciaram um trabalho de recuperação do bioma da Mata Atlântica, aliado à produção de alimentos a partir da agroecológica e da agroflorestal – sem utilização de agrotóxicos e com integração da produção de alimento com a mata nativa.
Após todo esse processo e recuperação da mata ciliar, o Rio Pequeno voltou ao seu curso normal. Por conta deste trabalho, em 2017 a comunidade recebeu o prêmio Juliana Santilli de Agrobiodiversidade.