'Não cumprem acordo'

Com fogão, panelas e barracas, MTST acampa em frente à Companhia de Habitação em Brasília

O movimento demanda que o governo de Ibaneis Rocha (MDB) atenda 902 famílias que aguardam há anos o acesso à moradia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
"Promessa em cima de promessa": manifestantes dizem estar há anos em uma fila para acessar moradia que não anda - MTST DF

Na manhã desta segunda-feira (11), cerca de 400 famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) montaram acampamento em frente à Companhia de Habitação do Distrito Federal (Codhab). Com barracas, lonas, botijão de gás, fogão, panelas onde desde cedo são preparados o café e o feijão do almoço, famílias de Ceilândia, do Sol Nascente e de Samambaia reclamam estar há anos na lista da habitação, à espera de atendimento. 

“A reivindicação é o cumprimento dos acordos feitos pelo governo do Distrito Federal para atender 902 famílias que compõem 90% da lista de vulnerabilidade. São famílias que estão há mais de 10 anos esperando por moradia”, explica Rud Rafael, da coordenação nacional do MTST.   

“Por isso a gente está aqui e só saímos com a resposta positiva do governo e o cumprimento do acordo de colocar as famílias nos empreendimentos que já estão prontos e edificar novas áreas para as demais famílias”, afirma.    

Leidinan Barbosa Martins, que participa do protesto, alega que tinha a expectativa, de acordo com as negociações com o governo de Ibaneis Rocha (MDB), de acessar a sua moradia ainda em 2023. “É promessa em cima de promessa”, resume. “Porque não cumpriu?”, questiona em vídeo postado nas redes do movimento.  

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“A gente já foi muito humilhado. A gente precisa de moradia. Tem dia que a gente fica sem saber como que vai pagar um aluguel, como que vai botar uma comida na mesa para os nossos filhos”, descreve Martins. “Não é justo a gente estar na luta há muito tempo e ele [Ibaneis Rocha] passar um monte de gente na nossa frente”, opina Leidinan.  


Assim que chegaram à Codhab, os manifestantes ajeitaram fogão, barracas e uma área para crianças; afirmam que só saem com resposta positiva do governo / MTST DF

De acordo com nota do MTST, “são famílias habilitadas há décadas e hoje reconhecidas como vulneráveis, que vivem em condições precárias, enfrentando inúmeras dificuldades, tais como falta de emprego, de saúde, educação e infraestrutura, provocadas pela ineficiência do Estado ao longo deste tempo”. No entanto, alerta o movimento, “agora, estão sob o risco de perderem seu lugar na lista da Codhab, pois existe a possibilidade de que cerca de dez mil outras famílias sejam acrescentadas à listagem”. 

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O Brasil de Fato pediu posicionamentos para a Codhab e a assessoria do governo do Distrito Federal. Não houve respostas até o fechamento da matéria, que será atualizada caso se manifestem. Já a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação informou que “a entrega de unidades habitacionais” não é da sua “alçada”.  

Paulo Sérgio, também do MTST, conta que aguarda atendimento há 30 anos na lista da Codhab. “Sou filho de Brasília, nunca adquiri moradia no Distrito Federal”, protesta. “Moro num barraquinho, chegaram lá para me derrubar várias vezes e nunca resolveram minha situação”.  

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Edição: Vivian Virissimo