NOVO GOVERNO

Madrugada em chamas na Argentina: protestos rechaçam novas medidas anunciadas por Milei

Após anúncio de plano, população saiu às ruas em repúdio e virou a madrugada protestando

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Manifestações massivas em frente ao Congresso argentino na madrugada de quinta-feira (21/12) - Luis ROBAYO / AFP

No início da tarde de quarta-feira (20/12) até madrugada desta quinta-feira (21/12) aconteceram manifestações massivas em diferentes partes da área metropolitana de Buenos Aires em rejeição ao Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), anunciado pelo presidente Javier Milei.

Os protestos contra o DNU começaram em La Plata pouco antes das 23h de quarta-feira, quando manifestantes saíram às ruas com panelas e frigideiras. As manifestações foram espalhando-se em diferentes partes da cidade e em seus arredores. Em uma mensagem em rede nacional, Milei enfatizou que esse é o início do "caminho para a reconstrução" do país após a "enorme crise" herdada pelo governo anterior.

Os panelaços também ocorreram em diferentes partes de Buenos Aires, impulsionados por manifestantes que decidiram sair às ruas para expressar sua insatisfação com as políticas do novo governo.

Segundo o jornal local Infobae, com panelas, bandeiras e palavras de ordem, manifestantes se dirigiram ao Congresso Nacional, na capital, assim como em outros locais da cidade, como Palermo, Recoleta e Caballito. O periódico afirma, porém, que o principal ponto de encontro foi em La Plata.

Nos vídeos compartilhados nas redes sociais, os manifestantes que se reuniram em frente ao Congresso gritavam: "la Patria no se vende" ("o país não está à venda").

O jornal Clarín noticiou que Milei se pronunciou sobre os protestos e os panelaços que adentraram a madrugada contra o DNU: “tem gente que está apaixonado pelo modelo que empobrece”.

À rádio Rivadavia, Milei criticou quem protestou contra as medidas anunciadas na noite de quarta-feira. Uma reação rápida de desaprovação ao novo plano econômico foi considerada por ele que as pessoas sofrem de "Síndrome de Estocolmo".

O mandatário argentino afirmou ainda que os protestos eram “saudade, amor e carinho com o comunismo”. E concluiu a entrevista reiterando que as "repercussões foram muito importantes, até nas nossas próprias fileiras ficaram surpresas com o nível de profundidade da decisão e aviso que virá mais, em breve”.

Sindicatos e organizações de trabalhadores anunciaram que apresentarão aos tribunais nas próximas horas um relatório para alegar a inconstitucionalidade do Decreto de Necessidade e Urgência e farão reunião em caráter de urgência nesta quinta-feira à tarde para programar uma agenda de mobilização massiva em rechaço às medidas impostas por Milei.

O DNU, que já foi publicada no Diário Oficial argentino, contém medidas como a revogação da Lei do Aluguel e da Lei de Fornecimento entre dezenas de outras disposições que atingem os direitos da população argentina. O decreto também flexibiliza o regime de trabalho, desregula a economia interna e externa, afeta a indústria nacional e abre caminho para a privatização de empresas públicas.