RESISTÊNCIA

Argentina tem segundo dia de protestos contra novo decreto de Milei

Objetivo do governo é desregulamentar a economia e preparar empresas para privatização; sindicatos preparam outros atos

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"Ajustaço contra o povo", estampa o cartaz na manifestação em frente ao Congresso Nacional, em Buenos Aires: população argentina já entendeu que será a maior prejudicada pelas medidas do novo governo - Luis Robayo AFP

Milhares de argentinos foram às ruas pelo segundo dia consecutivo na noite desta quinta-feira (21) em protesto contra o "megadecreto" de desregulamentação da economia e privatizações do novo presidente Javier Milei.

Diversas mobilizações foram registradas em Buenos Aires, Córdoba, Rosário, Santa Fé e Mar del Plata. Mas também houve registros de atos em Bariloche, Salta, San Miguel, Chaco e Mendoza. Na capital do país, um grupo mobilizou um "panelaço" diante do Congresso Nacional, mas foi afastado pela polícia com base no novo código de segurança anunciado pelo governo recentemente.

Confrontos entre policiais e manifestantes foram registrados em Córdoba, onde a polícia usou spray e gás lacrimogêneo para dispersar uma concentração presente na praça Pátio Olmos. Apesar dos protestos de rua e da avaliação de inconstitucionalidade por parte dos principais especialistas, o governo de Milei está determinado a dar continuidade ao processo parlamentar do decreto.

Neste contexto, os sindicatos anunciaram para a próxima quarta-feira (27) uma manifestação contra o governo e a apresentação de uma queixa de inconstitucionalidade à justiça.

O Decreto de Necessidade de Urgência (DNU) foi anunciado nesta semana pelo novo presidente da Argentina e leva à desregulamentação da economia do país, além de revogar diversas leis federais e deixar as empresas estatais mais próximas de movimentos de privatizações.

Em vídeo transmitido em rede nacional, o ultraliberal afirmou que a medida vai estabelecer as "bases para a reconstrução" da Argentina, como a conversão de empresas estatais em sociedades anônimas para facilitar sua privatização e a flexibilização de serviços de internet via satélite, da medicina privada e do mercado de trabalho.

Além disso, o decreto, que revoga mais de 300 normas de uma só vez, estabelece "emergência pública em matéria econômica, financeira, fiscal, administrativa, previdenciária, tarifária, sanitária e social até 31 de dezembro de 2025".

Manifestação vira a madrugada

No início da tarde de quarta-feira (20) até a madrugada de quinta-feira aconteceram manifestações massivas em diferentes partes da área metropolitana de Buenos Aires em rejeição ao Decreto de Necessidade e Urgência. Essa foi a primeira manifestação contra o governo Milei.

Segundo o jornal local Infobae, com panelas, bandeiras e palavras de ordem, manifestantes se dirigiram ao Congresso Nacional, na capital, assim como em outros locais da cidade, como Palermo, Recoleta e Caballito. O periódico afirma, porém, que o principal ponto de encontro foi em La Plata.

À rádio Rivadavia, Milei criticou quem protestou contra as medidas anunciadas na noite de quarta-feira. Uma reação rápida de desaprovação ao novo plano econômico foi considerada por ele que as pessoas sofrem de "Síndrome de Estocolmo".

O mandatário argentino afirmou ainda que os protestos eram "saudade, amor e carinho com o comunismo". E concluiu a entrevista reiterando que as "repercussões foram muito importantes, até nas nossas próprias fileiras ficaram surpresas com o nível de profundidade da decisão e aviso que virá mais, em breve".