Há quarenta anos, nascia em Pernambuco um espetáculo do encontro. O já tradicional Baile do Menino Deus permite que presépios e lapinhas se juntem, no palco, com frevo, maracatu, caboclinho e a magia do reisado.
Desses 40 anos do Baile, 20 deles foram vividos na praça do Marco Zero, área central e histórica do Recife. A praça permanece sendo o atual palco do espetáculo, que acontece este ano entre os dias 23, 24 e 25 dezembro, às 20h, de forma gratuita. A expectativa é de receber 75 mil pessoas ao longo dos três dias.
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Um dos idealizadores do projeto, o escritor Ronaldo Correia de Brito relembra que o Baile nasceu de uma inquietação com os rumos que as comemorações natalinas estavam tomando aqui no Brasil.
Por isso, ele resolveu criar um espetáculo que incorporasse ao auto de natal, uma história mundialmente conhecida, o sotaque brasileiro.
"Esse Natal criado por esses povos, esse Natal brasileiro, estava perdendo espaço para o Natal colocado de uma forma extremamente consumista, extremamente opressora do chamado Natal nevado. E aí nós pensamos em criar esse Baile do Menino Deus, recuperando a tradição dessas brincadeiras populares, desses autos natalinos e reavendo o mito fundador de um galileu, de um menino galileu que nasce na Judéia, de um menino filho de um pai carpinteiro e de uma mãe dona de casa", relembra.
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Ao longo das décadas, o Baile vem apostando na inovação permanente. Este ano, pela primeira vez, José será interpretado por um ator indígena, Caíque Ferraz, do povo indígena Fulni-ô de Águas Belas, no agreste de Pernambuco.
Outra novidade é a participação do grupo de bailarinos de break Okado do Canal. Eles são originais do bairro do Arruda, na zona norte do Recife.
"A gente traz corpos completamente diferentes. A gente traz linguagem popular, traz pessoas de uma linguagem mais contemporânea, de uma linguagem mais de um break e a gente sai misturando tudo isso e trazendo a cara que a gente acredita que a gente pode dar naquele momento, que é o que a gente se identifica, que é a verdade da gente", apontou Sandra Rino, diretora e coreógrafa do espetáculo.
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A apresentação deste ano será gravada e depois disponibilizada no canal do Baile do Menino Deus no YouTube.
Edição: Rebeca Cavalcante