Um jovem de 24 anos denunciou ter sido vítima de racismo em um supermercado na cidade mineira de Governador Valadares. Ele conta que foi abordado por um segurança do local e levado para uma sala fechada no subsolo da loja. No local, teve todos os pertences revistados sob acusação de roubo.
Segundo João Paulo Lopes da Silva, estudante e militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), no sábado (16), ele foi fazer compras em uma das unidades da rede Coelho Diniz. Antes de acessar os corredores de produtos, o rapaz colocou algumas coisas que havia comprado em outro estabelecimento dentro de uma mochila, que deixou no guarda-volumes do supermercado.
Na hora de ir para o Caixa, ele pegou novamente a mochila para realizar o pagamento. Depois de pagar, já na calçada externa do comércio, João Paulo Lopes da Silva foi abordado.
"Eu paguei as minhas coisas e saí da loja. Quando eu saí, fui abordado por funcionários dizendo que eu os acompanhasse porque eu teria coisas da loja dentro da minha mochila. Foi exatamente o que eles disseram, repetindo várias vezes, quando eu perguntava do que se tratava", explicou.
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O estudante foi conduzido a uma sala no subsolo da loja e foi revistado a portas fechadas: "Eu estava em estado do choque e apenas deixei que eles revistassem. Quando eles estavam satisfeitos com toda a revista e as perguntas descabidas - como de onde havia saído um perfume que estava na minha mochila e de onde eu era - eu tive a reação de mandar uma mensagem para um amigo e pedi para que ele chamasse a polícia."
Segundo o jovem, ambos aguardaram cerca de duas horas até que a viatura chegasse para que o registro da ocorrência fosse realizado. Segundo ele, toda a situação foi gravada por câmeras e a mesma pessoa que o abordou viu ele guardando a mochila com as compras anteriores no guarda-volumes.
"Essa violência absurda e descabida, não há outra explicação se não o racismo", lamenta o rapaz. "Eu chamei a polícia para registrar o boletim, fiz toda a simulação de onde e como guardei as coisas na mochila. A audiência foi marcada para dia 13 de junho de 2024. Vamos aguardar a audiência, mas também vamos entrar com processo civil."
João Paulo Lopes da Silva afirma que não recebeu nenhum pedido de desculpas da gerência da loja após a comprovação de que a acusação contra ele era infudada. Somente quando resolveu chamar a polícia, foi procurado pelo responsável pela fiscalização do local, que se desculpou e afirmou que o procedimento havia ocorrido por um erro de um funcionário novo e não era padrão.
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Segundo o estudante, a afirmação foi desmentida pelo gerente do estabelecimento posteriormente: "Ele disse que todo aquele procedimento de constrangimento sem averiguação dos fatos seria procedimento da loja. Foi uma situação de contradição das falas dos funcionários que eu e meus amigos, que foram me apoiar, notamos."
O Brasil de Fato entrou em contato com a rede Coelho Diniz pela internet e por ligação. Ao telefone, um membro da gerência do supermercado informou que desconhecia o caso e disse que a empresa não é racista.
Edição: Rebeca Cavalcante