Sempre dizem por aí que a base vem forte.
E cada vez mais isso é necessário para o futebol brasileiro.
Porém, como se sabe, não há estrutura para o desenvolvimento dos jovens na busca do sonho de ser jogadores de futebol.
Talvez ninguém se dê conta, por exemplo, que um Cristiano Ronaldo tornou-se o ídolo do Real Madrid justamente porque teve as condições para ser o melhor do mundo.
O chocante é que, longe de Madrid, no coração da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), o Grêmio Real Vilinha, dirigido por Maiko Galvão Mendes, busca coisas mais simples que revelar um Cristiano Ronaldo.
Os campinhos localizados à margem do rio Barigui precisam de holofotes para as aulas noturnas. A escolinha de futebol precisa de materiais e hoje conta com o apoio da comunidade para seguir treinando cerca de 200 crianças e jovens, de 4 a 17 anos. Nadando contra a corrente, fazendo rifas, buscando, muitas vezes sem sucesso, apoio parlamentar e também do poder público, o Real Vilinha alcança três anos de existência. Sabendo que a disposição é tanta que é preciso ainda fazer inclusive o cadastro e mapeamento das crianças que atuam no projeto. A maioria é da região, mas também de outros bairros da periferia de Curitiba.
“Começamos na pandemia, e hoje estamos há três anos com a escolinha. A luta é grande. É o esporte. Depois de três anos, há pouco tempo conseguimos um convênio com a Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude (Smelj) para material”, conta Maiko, que também preside a associação de moradores local, chamada Nossa Senhora Aparecida.
Foi preciso também, no final de 2021, realizar uma ocupação em espaço até então abandonado pela prefeitura para reivindicar um espaço com mais estrutura para a piazada.
Visivelmente abandonada e sendo usada como abrigo para moradores em situação de rua ou mesmo para consumo de drogas / Winícius Rodrigues
Ocupação
No final de 2022, em busca de espaço, o grupo ocupou um equipamento municipal abandonado na região.
A estrutura abrigava, ao que parece, uma espécie de Gibiteca, inaugurada ainda em 2013, na gestão de Gustavo Fruet. Vinculado à rede municipal de ensino, mais tarde, em 2017, o espaço recebeu o Centro de Desenvolvimento Profissional Noeli Terezinha Pereira, para capacitação de professores. O que, pelo jeito, também não caminhou.
“E agora temos um espaço próprio da escolinha, estamos lutando pelo comodato para sair logo, ainda não saiu, mas já estamos com os papeis de posse para usar o espaço e já colocamos água, vamos colocar luz, o nome da escolinha, tudo pelas crianças”, narra Maiko.
Como se sabe também, as iniciativas na periferia recebem promessas em certas épocas do ano. Mas o restante é dedicado ao esquecimento. Maiko ressalta bastante essa crítica quando fala da existência da escolinha.
“Faço rifa, choro, peço para um, peço para outro, e a luta é essa. A escolinha está crescendo e a procura é muito grande”, conclui, entre um treino e outro noturno, acompanhado pela reportagem
Para contato:
(41) 996461812 (Maiko)
“Precisamos de um espaço para as crianças e isso aqui estava abandonado. Às vezes tem a cheia (do rio Barigui) e não temos onde treinar” / Winícius Rodrigues