A ofensiva militar de Israel contra a região palestina da Faixa de Gaza completa três meses neste domingo (07/01). Após o ataque sem precedentes realizado pelo Hamas contra a região sul de Israel no último dia 7 de outubro, a resposta de Tel Aviv tem sido muito mais agressiva e continua registrando números impactantes de destruição e tragédia humanitária.
Segundo as autoridades de Gaza, os 93 dias de bombardeios à região – interrompidos por um curto período de cessar fogo em novembro, que durou menos de uma semana – provocaram 22,7 mil mortes.
Quando o número de vítimas fatais superar a marca de 23 mil, significará o extermínio de exatamente 1% do total da população civil residente no território palestino, estimada em cerca de 2,3 milhões de pessoas.
Além disso, se estima que 91% dos residentes na Faixa de Gaza foram obrigados a abandonar suas casas e buscar refúgios em hospitais ou acampamentos organizados por entidades como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), e a Meia Lua Vermelha, entidade similar à Cruz Vermelha que atua em regiões de maioria islâmica.
Esse percentual corresponde a pouco mais de 2 milhões de pessoas, segundo dados da Acnur, que monitoriza diariamente quantas pessoas chegam aos seus abrigos.
Vale recordar que Israel justifica esse extermínio lembrando o ataque realizado pelo Hamas em 7 de outubro, que causou a morte de 1,4 mil pessoas, além do sequestro de mais de 250 – das quais cerca de 130 continuam sendo mantidas como reféns.
Danos estruturais
Outro dado impactante foi apresentado pelo Centro de Satélites das Nações Unidas (Unosat), que contabiliza ao menos 37,4 mil edifícios destruídos em todo o território palestino durante esses primeiros três meses de ofensiva israelense contra Gaza.
Ademais, as construções que sobreviveram aos mísseis tampouco se encontram habitáveis: quase todo o território de Gaza se encontra sem eletricidade, sem rede de água potável e acesso à internet, incluindo diversos hospitais e os já citados centros de refugiados da Acnur e da Meia Lua Vermelha.
Por determinação do governo de Israel, o fornecimento desses serviços básicos à região foi cortado em diversos momentos, e de tempos em tempos é restabelecido durante um curto período, mediante apelos de entidades internacionais.
A Unosat também estima que ao menos 18,4% dos 184,4 quilômetros quadrados de terras agrícolas de Gaza, foram danificados, o que aumenta a crise alimentaria sofrida pela população residente – a qual é agravada pelas diversas restrições impostas por Israel para a entrada de alimentos, medicamentos e insumos básicos na região, mesmo quando provenientes de entidades humanitárias reconhecidas.
População trancada
O último dado impactante dentro desse balanço sobre os primeiros três meses de ofensiva israelense a Gaza é o fato de que a população está praticamente trancada dentro de um território que é alvo de bombardeios quase diários.
O bloqueio imposto pelo governo de Israel manteve fechadas todas as passagens, tanto entre Gaza e os territórios israelenses como também a fronteira com o Egito, ao sul do enclave palestino.
São raríssimos os casos de pessoas que conseguiram deixar a região, e a maioria dos que conseguiram obtiveram permissões obtidas graças a requerimentos de governos estrangeiros, como as mais de 1,5 mil pessoas e 53 animais domésticos repatriadas pelo governo brasileiro em 12 voos realizados entre novembro e dezembro passados, após intensas negociações do Itamaraty com Tel Aviv.
O governo do Egito tem aberto parcialmente a passagem de Rafah, mas apenas para permitir a evacuação de cidadãos feridos e doentes de maior gravidade. O resto da população não pode sair do território.