ALERTA CLIMÁTICO

Pesquisa da USP mostra que nível do mar já subiu 20 cm em São Paulo

Estudo mostra urgência de medidas de mitigação para que a piora no futuro não seja ainda mais significativa

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Até 2050, a elevação pode chegar a 36 centímetros se o padrão de emissão de dióxido de CO2 não cair - Helder Lima/Prefeitura de Guarujá

O nível do mar no estado de São Paulo subiu pelo menos 20 centímetros nos últimos 73 anos, afirma pesquisa do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP). E, até 2050, a elevação pode chegar a 36 centímetros se o padrão de emissão de dióxido de carbono – CO2 – não cair.

A elevação do nível dos oceanos já era um efeito esperado pela ciência por conta das mudanças climáticas. Ele decorre do derretimento das calotas polares. No entanto, de acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, em entrevista ao Seu Jornal, da TVT, o que se percebe no momento é que esse aumento vem acontecendo em uma velocidade maior do que se previa.

“Esperava-se que teríamos ressacas mais intensas. Não o nível do mar subindo de forma constante e significativa, mas lentamente. Porém, a intrusão de ressaca vem com muito mais intensidade”, observa o ambientalista.

Para tentar conter o nível dos oceanos, a erosão e as fortes ressacas que têm derrubado casas e invadido a orla, diversas cidades litorâneas estão fazendo barreiras no mar, diques e aumentando a faixa de areia. Mas essas são medidas paliativas, avalia o professor do IO-USP Luigi Jovane.

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“Todo ano você chegar com toneladas de areia não vai resolver. Fazer um muro? Não vai resolver. Não é simples. É um problema infelizmente que não tem grandes soluções. E não é quando o mar tem uma ondinha. Temos que pensar quando tem a tempestade e as ondas ficam gigantescas, entram nas ruas, na cidade”, adverte o docente.

Adaptação climática

Pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que se humanidade não diminuir os níveis de poluição, cerca de 20 mil moradores de Santos, no litoral sul paulista, terão que sair de suas casas – que serão inundadas por causa do aumento no nível do mar. Além do deslocamento forçado de pessoas, outros problema será a contaminação dos lençóis freáticos de água doce com a elevação dos oceanos.

O que demandará a criação de planos de defesa dos litorais e para amenizar esses problemas. “Porque, infelizmente, eles serão cada vez mais abundantes no futuro”, comenta Jovane. Além disso, mesmo que todos os países parassem de emitir gases poluentes agora, os efeitos do aquecimento global se estenderiam por mais de 100 anos. Isso mostra que a solução não é local, mas global.

“Entramos numa fase de adaptação climática. É necessária a mitigação para que não tenha uma piora no futuro que seja tão significativa. Então a questão é conter o que for possível. E o que for possível conter certamente vai salvar milhões de vida, porque não é só a elevação do nível do mar, mas eventos extremos como chuvas, intempestividades, ondas de calor. A questão é uma ação potencializada da sociedade para conter as mudanças climáticas no sentido de salvaguardar a vida e a qualidade de vida da sociedade”, destaca Bocuhy.