Uma semana após a tempestade registrada na última terça-feira (16), ainda há pelo menos 19,9 mil pontos sem energia elétrica no Rio Grande do Sul. Conforme a atualização da segunda-feira (22), em boletim divulgado pelo governo do Rio Grande do Sul, entre os pontos abastecidos pela RGE (Rio Grande Energia), 13 mil pontos estão sem energia elétrica. Já entre os atendidos pela CEEE Equatorial, 9.905 unidades ainda não tiveram a situação normalizada.
O presidente da Equatorial tentou justificar a situação atípica enfrentada no Rio Grande do Sul responsabilizando a falta de investimento da antiga estatal. A Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) foi vendida à Equatorial em 2021 pelo governador Eduardo Leite em um leilão, com lance único de R$ 100 mil.
Barbanera afirmou que o sistema elétrico gerido pela Equatorial “está no seu limite e isso impacta na qualidade”. De acordo com ele, a rede tem cerca de 800 mil postes, dos quais 560 mil são de madeira, com vida útil esgotada e que podem ser derrubados pelo vento com maior facilidade. Ele prometeu um plano de investimento para substituição desses postes, mas não deu prazo. Ele também admitiu que a empresa sabia da situação quando adquiriu a CEEE-D.
Já o boletim da RGE afirma que os pontos sem energia elétrica estão principalmente concentrados na Região Metropolitana de Porto Alegre, em Viamão e Guaíba. A concessionária reforça que segue trabalhando para normalizar o serviço. De acordo com a empresa, a maioria dos serviços que resta a ser feito é de grande complexidade devido ao volume de resíduos de vegetação e objetos sobre a rede. Os danos na rede elétrica foram provocados, principalmente, por galhos, árvores e objetos arremessados pelo vento.
A Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos (Agergs), responsável por fiscalizar a atuação da CEEE Equatorial e da RGE, aguarda a normalização do fornecimento de luz para, então, abrir um procedimento de investigação sobre a atuação das duas empresas.
Moradores realizam protestos pedindo luz e água
Ao longo da semana, inúmeros pontos da Capital e região metropolitana registraram manifestações de protesto de moradores. Conforme a Brigada Militar, até o final da manhã desta segunda, 126 protestos em razão da falta de luz e água já haviam sido registrados em Porto Alegre desde a tempestade da última terça-feira (16). Em alguns deles a Brigada Militar reagiu de maneira violenta, desproporcional em uma manifestação pacífica, principalmente quando ocorreu a interdição de vias movimentadas da cidade, atirando bombas de gás e balas de borracha nos manifestantes.
Na sexta-feira (19), representantes de movimentos sociais, comunitários e coletivos de moradores realizaram uma caminhada no centro da cidade, em direção à Prefeitura, para protestar contra o desabastecimento. Com o slogan “Acabou a paciência”, os manifestantes criticaram a gestão do prefeito Sebastião Melo (MDB) e da empresa CEEE Equatorial para resolver os impactos do temporal que atingiu o município e a região metropolitana na última terça-feira. Depois de passar pela prefeitura, os moradores seguiram em caminhada até o Palácio Piratini, para cobrar medidas do governo do Estado e defender a reestatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica, privatizada pelo governo Eduardo Leite (PSDB).
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko