O Rio Grande do Sul enfrentou um momento caótico, com uma parcela significativa da população passando mais de 110 horas sem luz e água.
Gostaria de fornecer números precisos das cidades e regiões afetadas, mas a Equatorial, que atende 73 municípios do estado, incluindo Porto Alegre, e a RGE, não divulgam essas informações regularmente, demonstrando falta de transparência e descaso com a população.
Mesmo sem dados específicos, podemos afirmar que milhares de vidas foram afetadas, com a população das periferias sendo as mais impactadas, evidenciando a perversidade do racismo ambiental.
Essas pessoas estão privadas de direitos básicos, como um simples banho, perdem alimentos na geladeira, não conseguem trabalhar e ficam à espera de serviços essenciais, como internet.
Na área da saúde, vários atendimentos foram interrompidos, incluindo retirada de medicamentos, marcação de consultas, cirurgias eletivas comprometendo vidas.
Há mais de uma década, meteorologistas e pesquisadores alertam sobre os fenômenos decorrentes das mudanças climáticas, como a tempestade que atingiu o RS em 16 de janeiro. Apesar disso, os governos liberais de Eduardo Leite (PSDB) no RS e Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre negam a ciência, desinvestem e desmontam empresas estatais responsáveis por serviços vitais à população, como água, energia elétrica e saúde. Dados de operadoras privadas indicam que cerca de 1,7 milhões de gaúchos permanecem sem luz.
Na Assembleia Legislativa, a bancada do PT já está coletando assinaturas para instalar uma CPI e investigar a privatização e qualidade do serviço no setor de energia. Como deputada federal, estou acompanhando de perto o caso e solicitei audiência com o Procurador Geral do Ministério Público para protocolar um pedido de investigação sobre o descumprimento do contrato entre o governo do estado do RS e a CEEE Equatorial.
Neste momento de união e solidariedade é crucial responsabilizar aqueles que causaram tantos prejuízos à sociedade. Empresas de serviços vitais e bens naturais, como energia e água, não podem ficar nas mãos de iniciativas privadas irresponsáveis que visam apenas o lucro.
Somente a reestatização da CEEE, visando o bem-estar social, pode garantir transparência e a qualificação necessária para atender à população. Isso vale também para a Corsan no estado e o Dmae em Porto Alegre.
Precisamos desses órgãos fortalecidos e públicos para atender ao povo gaúcho com respeito e dignidade. É obrigação constitucional do Estado garantir direitos fundamentais dos seus cidadãos por isso, reestatizar a CEEE e fortalecer os serviços públicos é a solução.
* Reginete Bispo. é deputada federal (PT/RS)
* Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko