A Secretaria estadual de Saúde de Mato Grosso informou nesta segunda-feira (22) que identificou uma nova subvariante da covid-19. Trata-se da JN 2.5, uma variação da Ômicron, registrada pela primeira vez no país. A subvariante JN 2.5 já havia sido identificada no Canadá, França, Polônia, Espanha, Estados Unidos, Suécia e no Reino Unido.
Segundo a secretaria, o laboratório central estadual sequenciou e identificou a nova subvariante na última semana, entre os dias 16 e 18. O resultado foi obtido a partir de exames com quatro pacientes do sexo feminino que testaram positivo para a nova cepa, todas hospitalizadas.
Das quatro, três receberam alta médica e encontram-se estáveis, embora prossigam em isolamento domiciliar, sob acompanhamento da vigilância municipal. A quarta paciente, porém, tinha doença pulmonar obstrutiva crônica e morreu. “No entanto, a equipe de vigilância da Secretaria de Estado de Saúde ainda investiga o caso e não é possível afirmar que a causa da morte foi a covid-19”, informa em nota o órgão do governo estadual de Mato Grosso.
O estado ressaltou que não é caso para pânico. No entanto, pede que a população se mantenha alerta para os sintomas gripais. E que nesse caso use máscara e higienize as mãos com sabão ou álcool 70%, além procurar o posto de saúde para se vacinar contra a covid.
A vacinação contra a doença, que não impede o contágio mas reduz a gravidade de suas complicações que levam à morte, ainda é alvo de muita polêmica. Especialmente para crianças e adolescentes. Tanto que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde, publicou nota técnica nesta segunda reiterando a efetividade para este público, de quase 90%. Além de ajudar a prevenir a chamada covid-19 longa — quando os sintomas permanecem mesmo após a fase aguda.
Principal causa de morte por doença prevenível por vacina
Os cientistas da fundação responsáveis pelo documento reforçam que as vacinas CoronaVac, do Butantã, e a BNT162b2, da Pfizer, têm alta efetividade contra infecção e, principalmente, contra hospitalização por covid-19. “Já em relação aos efeitos adversos, a CoronaVac apresentou taxa de 5% para eventos leves, enquanto a Pfizer, os eventos adversos graves foram raramente relatados”, diz a Fiocruz.
“Esse conjunto de achados demonstra a proteção das vacinas contra covid-19, inclusive em casos considerados como “falha vacinal”, isto é, em casos em que a pessoa não é protegida da infecção. Portanto, as vacinas contra covid-19 são efetivas em proteger contra formas graves da doença e suas complicações residuais”, informa ainda a fundação.
Conforme lembram os cientistas da Fiocruz, a covid-19 foi a principal causa de morte por doença prevenível por vacina entre os menores de 19 anos no período de agosto de 2021 e julho de 2022. A cada 100 mil bebês de até 1 ano, ao menos quatro morreram de covid. Mesmo assim, reforça a Fiocruz, “a cobertura vacinal desse imunizante no Brasil ainda encontra-se em números abaixo do esperado, chegando a menos de 25% na faixa etária de 3 a 4 anos de idade com duas doses”.
O negacionismo ainda persiste mesmo após mais de um ano do fim do governo de Jair Bolsonaro. No início deste mês, o Conselho Federal de Medicina (CFM), o mesmo órgão que deu aval para o uso da cloroquina no tratamento da covid, abriu consulta entre os médicos. A entidade quer saber o que pensam os 560 mil médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacina em crianças de 6 meses a 4 anos e 11 meses.
Aumentar a cobertura vacinal é fundamental
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), por sua vez, logo manifestou o que pensa ao criticar o CFM: lembrou que 135 crianças com menos de 5 anos morreram de covid só em 2023. “A SBIm entende que a pesquisa realizada pelo CFM não trará nenhum benefício à sociedade, uma vez que — ao equiparar crenças pessoais à ciência — pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação”, afirma trecho da nota da sociedade médica.
Aumentar a cobertura vacinal é fundamental em todas as faixas etárias. Embora o fim da emergência em saúde tenha sido decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus continua circulando e se modificando. No Amazonas, os casos da doença aumentaram 263% nas últimas semanas, conforme dados do Boletim Epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde do estado.
Entre os dias 24 e 30 de dezembrom foram registrados 60 casos, sendo 37 em Manaus e 23 no interior. Já entre 31 de dezembro e 6 de janeiro, o número de casos subiu para 218, com 149 confirmados em Manaus e 69 em municípios do Amazonas.
Segundo o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia, os casos notificados são uma pequena parcela das infecções que de fato ocorreram. O significativo aumento de casos ocorre em razão das festas de fim de ano e do período de chuvas. Além do uso de máscara, da higienização das mãos e de se evitar aglomerações, ele recomenda a vacina. “Finalmente, procurar tomar a segura e efetiva vacina contra a covid-19, ainda que seja a primeira dose ou qualquer dose de reforço recomendada pelas autoridades sanitárias. Os tempos mudaram e o ambiente em prol da vacinação é claramente mais favorável no Amazonas e no Brasil”, disse.