O ex-presidente Donald Trump deu mais um passo importante rumo à nomeação republicana para as eleições presidenciais dos Estados Unidos: na noite desta terça-feira (23) ele derrotou Nikki Haley nas prévias de New Hampshire. Ainda assim, o resultado foi mais apertado do que indicavam as pesquisas e a ex-governadora disse que seguirá na disputa.
Nas vésperas das prévias no estado, um levantamento da Suffolk University indicava uma vitória de Trump com uma margem de 22 pontos percentuais. Na manhã de hoje, porém, e com 91% das urnas apuradas, a vantagem era de 11,4 pontos.
Emily Baer, professora de ciências políticas da Universidade de New Hampshire, conversou com o Brasil de Fato sobre os resultados e disse que "da forma como as coisas estão agora, Trump obteve uma maioria absoluta, o que é uma vitória clara para a sua campanha”. "Os resultados de New Hampshire só podem ser considerados uma vitória para Haley se ela for capaz de aproveitá-los em estados posteriores, o que será extraordinariamente difícil”, disse.
Após o início da apuração, Haley foi a primeira a se pronunciar. Em discurso, a ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora da ONU no governo Trump celebrou o resultado afirmou que o os democratas torcem por uma vitória do ex-presidente: “eles sabem que Trump é o único republicano no país que Biden pode derrotar”.
Durante o discurso de Haley, Trump partiu para o ataque, chamando-a de “delirante” em seu perfil na Truth Social, a sua rede social. Mais tarde, na festa da vitória, o ex-presidente disse: “ela está fazendo um discurso como se tivesse ganhado. Ela não ganhou. Ela perdeu”.
Uma derrota apertada difícil de se replicar
O motivo pelo qual Nikki Haley terá dificuldades em replicar um resultado minimamente competitivo é simples: o eleitorado no resto do país é muito diferente daquele em New Hampshire.
Para começar, o estado facilita a participação de independentes, o que não acontece, pelo menos nas mesmas proporções, em nenhum outro lugar. Dos eleitores de ontem, apenas 49% eram republicanos. Neste grupo, Trump ganhou com 74% de acordo com pesquisas de boca de urna do Washington Post. Entre independentes, Haley teve 60% dos votos.
Além disso, New Hampshire é um estado da Nova Inglaterra, a região nordeste dos EUA que é sabidamente progressista. Até mesmo os republicanos são mais moderados e menos religiosos, algo que não se vê no restante do país. Quão mais conservador um estado, maiores as chances de uma lavada de Trump.
“Os estados que votarão posteriormente, incluindo Carolina do Sul, Nevada e os 16 estados que votarão simultaneamente na Super Terça no início de março, terão eleitores primários muito mais conservadores do que em New Hampshire”, afirmou Emily Baer.
Haley segue na disputa?
Ainda durante a tarde de ontem, enquanto os eleitores votavam em New Hampshire, a presidente do Comitê Nacional Republicano, Ronna McDaniel, soltou uma declaração que dizia: “se o presidente Trump sair forte esta noite, essa será uma mensagem clara enviada pelos nossos eleitores primários. Os republicanos sabem que se não estivermos unidos como partido em apoio ao nosso candidato, não seremos capazes de derrotar Biden”.
A mensagem foi mal recebida pela campanha de Haley, que respondeu afirmando que a ex-governadora não tem planos de abandonar a corrida antes da Super Terça. Na mídia alinhada aos democratas, comentaristas criticaram a nota, afirmando se tratar de um desrespeito aos eleitores dos demais 48 estados que ainda votarão no processo.
“Desde que consiga continuar a atrair o apoio dos doadores, Haley tem um incentivo para continuar a concorrer para garantir que as questões que ela considera importantes – incluindo as opiniões republicanas tradicionais sobre a política externa – permaneçam no topo da linha para os eleitores”, disse Baer ao Brasil de Fato.
Para os aliados de Trump, porém, manter uma candidatura sem chances de vitória apenas favorece aos democratas. Enquanto Biden gasta dinheiro e energia na disputa geral, Trump precisaria seguir na disputa interna. Mas esse não é o único motivo pelo qual eles querem que Haley jogue a toalha.
“Os democratas provavelmente apreciarão que a sua campanha ajuda a divulgar as suas críticas a Trump, como a sua idade, o 'caos' do seu estilo de liderança e a sua capacidade mental para os eleitores, todas estas são questões que Biden provavelmente levantará nas eleições gerais”, explica Emily Baer.
A próxima disputa entre Trump e Haley acontecerá no dia 24 de fevereiro, na Carolina do Sul - estado natal da ex-governadora. Na média das pesquisas organizada pelo portal FiveThirtyEight, Trump aparece com 62,2% das intenções de voto, contra apenas 25% de Nikki Haley.
Edição: Lucas Estanislau